quarta-feira, 16 de abril de 2014

O preço da dissolução moral

     Afinal, as tais cláusulas do contrato de compra da refinaria de Pasadena (aquela 'roubada' que custou uma fábula à Petrobras) são importantes, ou não? Nestor Ceveró, o ex-diretor que recomendou a negociata, garantiu, mais uma vez, em depoimento no Senado, que a turma da área sempre soube de tudo, que não seria preciso detalhar as condições no parecer que redigiu.
     Reconheceu, no entanto, que elas - as  normas - não estavam explícitas, o que, de alguma maneira, dá uma 'forcinha' à presidente Dilma Rousseff, liberada para entoar a cantilena do "eu não sabia", integrada definitivamente ao 'modus operandi' do seu partido, em geral, e do seu mentor, em especial.
     É evidente que essas versões não se sustentam ao mesmo tempo. Os 'dois lados' não podem ser absolvidos, pois se repelem inexoravelmente. Olhando-se a questão com um mínimo de rigor, é impossível deixar de concluir pela culpabilidade ampla e irrestrita, na melhor das hipóteses, por omissão.
     A bandalheira introduzida pelo aparelhamento criminoso da Petrobras está cobrando seu preço, assim como o País, como um todo, está sofrendo os efeitos dessa lastimável era de indignidades, exacerbada há pouco mais de onze anos. Nossas instituições foram contaminadas pela volúpia com que os atuais donatários do Brasil se atiraram no poder, especialmente nas vantagens oferecidas pela promiscuidade nas relações entre o público e o privado.
     Em nome de uma vaga ideologia - se é que podemos chamar o que vem sendo praticado por aqui de ideologia -, quebraram-se todas as barreiras entre o lícito e o ilícito. A tal ponto que existe, hoje, em em parte considerável dos nossos ' formadores de opinião', a convicção de que os fins - a montagem e preservação do atual esquema de poder - justificariam os meios usados.
     Assim, o Mensalão, os 'aloprados', os transportadores de dinheiro na cueca, os corruptos, os aditivos em todos os contratos, as comissões e o loteamento da estrutura de governo são ignorados e, não raro, desculpados. A dissolução moral gerou a quebra da estabilidade nas relações entre os poderes e a população. O país caminha para uma crise de identidade. O exemplo mais recente foi registrado na Bahia.        Sem a presença ostensiva da polícia nas ruas - a PM está em greve -, foram registrados inúmeros casos de desordem, saques, assaltos e invasões.
     Esse não é o país que desejamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário