terça-feira, 3 de setembro de 2013

Segredos e vigarices

     Pode ser - apenas pode!!! - que, a partir de agora, com o fim da lastimável instituição da votação secreta, o Congresso tome um pouco de vergonha e interrompa as vigarices ocultas que vem cometendo. Na verdade, com o voto aberto, talvez nossos representantes em Brasília tenham vergonha de escarnecer do povo ao vivo e a cores, com medo da represália que poderá advir das urnas.
     Não é uma garantia, no entanto. Essa gente sabe que a memória popular é curta e facilmente enublada por uma picaretagem retórica ou outra. É o que faz, por exempo, o Governo, há dez anos e oito meses. Mergulhada em trapaças, essa era que se originou no primeiro mandato do ex-presidente Lula vem jogando para as arquibancadas desde sempre. Primeiro, como se fosse um juiz de futebol fingindo que a 'mãe' citada pelos torcedores não é a sua. Em seguida, fazendo gols com a mão e em impedimento.
     Aos escândalos - e há uma profusão deles -, a companheirada responde inicialmente com o silêncio, como se não fosse com ela, para encetar, em seguida, uma jogada marqueteira qualquer. Um anúncio requentado de projeto, uma verba astronômica para algum trem-bala, uma foto ridícula com jogadores de futebol ou uma indignação teatral contra o império americano, o adversário ideal de todo e qualquer governante bananeiro.
     Infelizmente, coube ao Supremo Tribunal Federal, pelo voto do ministro Roberto Barroso, dar aos congressistas a chance de aliviar a condenação de seus pares, mantendo-os no cargo mesmo quando condenados à cadeia. Com essa espécie de gazua nas mãos, nossos preclaros deputados podem se sentir respaldados para garantir os mandatos dos bandoleiros do Mensalão do Governo Lula, os petistas, em particular. "Afinal" - podem argumentar - "é o STF que está admitindo essa possibilidade".
     A pronta reação do ministro Gilmar Mendes pode - e eu espero que sim - soterrar esse golpe jurídico na vontade popular. Além de expor a desfaçatez de uma interpretação desse teor, o ministro mandou um recado à turma que finge não saber direito o que é a instituição do regime semiaberto e argumenta que os bandidos condenados só precisam dormir na cela. Regime semiaberto, companheirada, pressupõe o direito de trabalhar em colônias agrícolas, por exemplo, e não fora dos presídios.
     Esse trio que se formou no STF - Barroso, Toffoli e Lewandowski - precisa ser acompanhado de perto, muito perto.

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