sábado, 14 de setembro de 2013

O juiz mais indicado

     A decisão sobre o futuro dos quadrilheiros que assaltaram os cofres e a dignidade nacionais não poderia estar em melhores mãos. O ministro Celso de Mello, ao longo do julgamento do que o país convencionou chamar de Mensalão do Governo Lula, manteve, sempre, um comportamento acima de suspeitas, pautado pelo saber jurídico. Em determinados momentos, chegou a protagonizar pronunciamentos emocionantes, indignados, em defesa da própria democracia, que ele viu ameaçada.
     Assim, acredito que seu voto terá o peso da independência e será pautado, apenas e tão-somente, por suas mais profundas convicções jurídicas. Se, eventualmente, optar pela aceitação dos tais recursos infringentes, que certamente beneficiarão alguns bandoleiros, devemos entender a decisão como fruto do puro convencimento, e não movida por interesses subalternos, como os que têm caracterizado as intervenções, em especial, de dois dos ministros, a saber: Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.
     Não coloco no mesmo saco os demais ministros que votaram a favor dos criminosos (Rosa Weber, Luís Barroso e Teori), embora enxergue em todos eles as marcas do ranço ideológico, a identificação partidária e até mesmo emocional com alguns dos bandoleiros. Mas é evidente que são movidos por algo além do convencimento proporcionado pelo conhecimento das leis.
     Não esperava algo muito diferente. Estava claro que eles só estavam aguardando uma brecha legal para saírem em defesa, principalmente, dos luminares petistas condenados. A ministra Rosa Weber, por exemplo, mal conteve os soluços quando foi obrigada a condenar o ex-presidente do PT, José Genoíno. Quanto as dois 'novatos', não estão no STF por acaso.
     Celso de Mello se apresenta como diferente. Diferente, inclusive, da eventual intransigência do presidente do STF, Joaquim Barbosa. Em vários momentos do julgamento, ao longo do segundo semestre do ano passado, evidenciou equilíbrio.
     Foi melhor para o país que a decisão ficasse com ele. Imaginemos um cenário no qual coubesse a um lewandowski qualquer a palavra decisiva, mesmo simbólica. Seria bem mais difícil conter a revolta da parte digna da nação. A decisão do decano do Tribunal, e isso não é pouco, certamente será aceita com mais respeito, seja qual for.

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