sábado, 7 de setembro de 2013

Caetanices e barretadas

     Rio e São Paulo, em especial, 'caetanearam'. Algumas dezenas de vagabundos mascarados invadiram o desfile em homenagem à Independência (não, por favor, que ninguém venha com essa conversa de que nunca fomos independentes e bla-blá-bla, pois estou evitando vomitar) e, não satisfeitos, tentaram "acessar" o Palácio Guanabara, segundo uma das repórteres globais encarregadas de cobrir o novo episódio de vandalismo aqui no Rio.
     Vejam bem até que ponto podem ir as caetanices: o bando de degenerados que saiu às ruas para destruir os patrimônios público e privado, desafiar a Polícia e infernizar a vida das pessoas decentes estaria, apenas, tentando "acessar" o Palácio, no que teria sido impedido pela incompreensão e arbitrariedade de agentes da burguesia. As máscaras, bombas caseiras, pedras, pedaços de pau e barras de ferro seriam instrumentos a serviço da liberdade e, 'por acaso', de alguns partidos.
     É inacreditável que esse tipo de caetanada reúna adeptos e defensores. Sociedade digna alguma pode coexistir com agressões à Lei. Não há justificativa possível. A democracia oferece a todos as oportunidade de exprimir seus pontos de vista com a veemência incontestável do voto. É claro que manifestações - de qualquer matiz, é bom que se frise!!! - não só podem, mas devem ser respeitadas.
     Já na Grécia Arcaica, por exemplo (séculos VIII a VI a.C), era nas praças que os cidadãos decidiam seus destinos, apesar das restrições que marcavam a época (mulheres, escravos e analfabetos não tinham direito a voto). Imaginar que o mundo do século 21 pudesse restringir esses direitos seria inadmissível, é evidente.
     A liberdade - e a de manifestação é uma das mais caras - é um bem inegociável. Mas não pode servir de instrumento (ou argumento) para justificar a banalização da boçalidade, especialmente em uma democracia. E o Brasil, apesar dos esforços contrários, é um país democrata.
     Não é novidade que tenho divergências irreconciliáveis com o grupo de poderosos que assumiu esse país há dez anos e oito meses. Mas jamais me imaginaria aplaudindo agressões ou ameaças físicas à presidente, ou às instituições. O campo das ideias é tão amplo e oferece tantas possibilidades que não pode ser soterrado por atos inaceitáveis.
     Vigarices retóricas como a do excelente cantor e compositor Caetano Veloso em nada contribuem com a democracia. Assim como a insistente defesa dos quadrilheiros do mensalão do Governo Lula, como a recentíssima declaração do produtor cinematográfico Luís Carlos Barreto sobre a 'injustiça' que o STF estaria cometendo contra seu amigo José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil condenado por chefiar um bando que assaltou os cofres públicos.

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