quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O valor da politicagem

     A constatação de que partidos políticos lastimáveis, verdadeiros balcões de compra e venda, estão por aí, negociando dignidades, é uma agressão ao País. O Globo de hoje presta um serviço à Nação, expondo a pilantragem por trás dos acertos que envolvem candidaturas e candidatos e o dinheiro público que sustenta esse esquema deletério.
     No Brasil de hoje, há espaço para 32 partidos, todos com direito a participar de um fundo que garante, também, altíssimos salários a um grupo de espertalhões. Não estou me referindo, por óbvio, aos partidos ideológicos, sejam quais forem. Posso discordar fervorosamente - como discordo - de agremiações como PSOL, PSTU, PCO e assemelhados, para ficar apenas nesses grupos de menor expressão. Mas respeito e defendo o direito de eles existirem, por representarem um segmento do pensamento, mesmo obscuro, ultrapassado.
     Não posso, por isso mesmo, aceitar passivamente a injustiça que está sendo feita com o Rede, partido que a ex-senadora Marina Silva vem tentando criar, destinada, claramente, a interferir na sua candidatura à Presidência da República, ano que vem. Um tal de PROS e o Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva (ex-PDT), estão aí, livres leves e soltos para negociar, independentemente do 'histórico' de suas lideranças.
     Marina, por sua vez, tem enfrentado o extremo rigor de tribunais regionais, que contestam assinaturas e postergam a efetivação do partido. Eu, pessoalmente, me sinto lesado. Assinei um manifesto pela criação do partido, embora sem qualquer compromisso de voto ou participação. Apenas por acreditar que o Rede e seus componentes têm, sim, direito à expressão, a um lugar no cenário político.
     O prazo está terminando para Marina Silva - dia 4 de outubro. Paulo Pereira e um desconhecido vereador, dono do PROS, no entanto, já estão administrando acordos e, quem sabe?, distribuindo o dinheiro público ao qual terão direito. Como nos lembra O Globo, mesmo que não tenham um deputado sequer, nossos partidos oficiais recebem, em média, R$ 600 mil por ano. Parece muito - e é, na verdade -, mas o montante não se compara ao 'valor de mercado' de um segundo durante as campanhas eleitorais.
     Tão lastimáveis quanto esses partidos, no entanto, são os que correm atrás deles, como fazem, em especial, duas das nossas maiores agremiações, o PT e o PSDB.

2 comentários:

  1. Gostei, e muito, de seu post. Mas a Marina teve a imperdoável inocência de querer selecionar seus filiados, escrúpulos que talvez (ou melhor, certamente) os demais nunca tiveram.

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  2. Talvez sim, Ricardo. Todos esses partidos de aluguel, de alguma maneira, compram as adesões. Há, e você sabe, empresas que vivem disso, de garantir assinaturas. Abraços.

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