segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Covardia ideológica

'Só não aplica a Lei juiz comprometido, medroso ou engajado'
Joaquim Barbosa

 
     O misto de constatação e denúncia do presidente do Supremo Tribunal Federal foi registrado com o merecido destaque pelo Estadão. Em poucas palavras, Joaquim Barbosa traçou um perfil bem apurado da Justiça que condena miseráveis (merecidamente, é verdade, na maioria absoluta dos casos), mas libera poderosos quase sempre, como recentemente, no julgamento de recursos no caso do mensalão do Governo Lula, o maior assalto institucional aos cofres e dignidade públicos.
     Mais grave ainda: a Justiça é apenas - se é que podemos usar essa expressão - uma ramo dessa enorme e distorcida realidade brasileira, conspurcada gravemente nos últimos dez anos. Ao fim, fica na população a certeza de que há um enorme e indecente conluio entre os poderosos de todas as instâncias.
     O desregramento comportamental não é exclusividade de juízes envolvidos com malfeitores e/ou partidos políticos ou, simplesmente, covardes. Os três poderes da República vêm dando seguidas demonstrações de desprezo pela opinião pública, facilmente manipulada pelos marqueteiros sempre de plantão.
     Historicamente - e, em especial, nessa última década de desvarios institucionais -, nossos mandatários apostam na ignorância, na falta de acesso às informações e no tempo decorrido, capaz de sepultar revoltas. E na mentira, repetida à exaustão, até que se transforma em verdade absoluta.
     Ao ler o desabafo de Joaquim Barbosa, é impossível, entretanto, deixar de associá-lo ao lastimável episódio do julgamento dos quadrilheiros do Governo Lula. Não apenas ao resultado do julgamento dos tais embargos infringentes (ou algo semelhante, não importa), mas à linha de comportamento de determinados magistrados ao longo do processo. Magistrados claramente comprometidos, engajados e, na essência, capazes de atos covardes contra a nacionalidade.

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