segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A paixão 'mais antiga'

     Evito fazer comentários sobre futebol. Não faço brincadeiras com torcedores de outros clubes, não comemoro - pelo menos pública e ostensivamente - derrotas alheias. Festejo as nossas (não tantas quanto gostaria) intensamente, mas de forma discreta. É meu jeito de viver essa paixão pelo Vasco, "a mais antiga", como sabiamente prega uma das músicas entoadas nos estádios. Afinal, sou Vasco desde sempre. Não consigo lembrar de tempos anteriores a essa paixão.
     Costumo dizer - e é a mais absoluta verdade - que minha vida é um reflexo dessa paixão. O jornalismo surgiu naturalmente, a partir do sonho infantil de, em algum momento, escrever sobre nossas conquistas. Um sonho que começou quando aprendi a ler nas páginas esportivas de O Globo, em casa, antes mesmo de entrar na escola, com minha mãe, que soube explorar a avidez daquele moleque. Eu não me contentava, 'apenas', em ver as fotos de meus ídolos de então (Barbosa, Ely, Ademir ...). Queria saber o que se dizia sobre eles.
     Só muito tempo depois de estar trabalhando em jornais, após ter passado pelos Diários Associados (Agência Meridional e O Jornal) e pelo O Globo, tive a chance real de conviver profissionalmente, diariamente, com o esporte em, geral, o futebol em particular, no Jornal do Brasil, na editoria comandada por Oldemário Touguinhó, no início dos anos 1980.
     Em 1982, tive o privilégio de assinar a crônica da conquista do título estadual, perseguido desde 1978, naquele 1 a 0 sobre o Flamengo, gol de Marquinho, de cabeça, desviando cobrança de escanteio de Pedrinho Gaúcho, equivocadamente apontado como o autor. Antes do JB, é, verdade, já havia feito diversos reportagens na área de esportes, incluindo uma especial, inesquecível, quando da vinda do lutador Cassius Clay/Muhammad Aly ao Brasil, para uma apresentação em São Paulo. Mas o dia a dia, mesmo, só na Avenida Brasil, 500.
     Essas lembranças reapareceram hoje, ao ler, ainda em O Globo, um desabafo de Juninho Pernambucano. Ele, o único grande jogador que restou ao Vasco, admite que falta talento à equipe. Foi delicado. O time é muito fraco, incompatível com a dimensão do clube. Não pela derrota, em si, para o São Paulo (mais uma ...), até certo ponto natural, mas pela falta de perspectivas.
     O Vasco, em 2013, é o retrato acabado do desastre administrativo dos últimos dez ou doze anos. Os resultados do campo - pífios - apenas refletem o desmando, a falta de seriedade no trato das finanças. Está mais do que na hora de o clube se reinventar. Infelizmente - e sou obrigado a repetir isso, mais uma vez -, Roberto jogou pela janela a chance de se tornar o maior nome dos nossos 115 anos de história.
     A metade do caminho já estava percorrida, ao longo de vinte anos, mais de mil jogos e 702 gols.

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