sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Tudo pelo poder

     Onde se lê 'encontros e debates sobre a próxima reforma ministerial' - nos nossos jornais e assemelhados -, entenda-se 'manobras para manter os arranjos e negociatas destinados à eleição do ano que vem'. Em nenhum momento estará em avaliação o aprimoramento dos serviços e políticas administrativas de interesse real do país. Tudo se resume a um par de questões: manter ou ampliar - se possível (e sempre é 'possível') -a enorme base de apoio e garantir a reeleição da presidente Dilma Rousseff e dos aliados, a qualquer custo. Custo que é pago, invariavelmente, por todos nós.
     É assim que se faz política em quase toda a parte, mas especialmente por aqui, onde a compra de partidos e parlamentares é uma instituição. O mérito, o currículo e o histórico dos ocupantes e postulantes a cargos no primeiríssimo escalão não importam nesses momentos. Tanto faz se é um incompetente de carteirinha, ou um vigarista vulgar. Os nomes atendem às cotas distribuídas entre as agremiações que seguem o Governo.
     Os ministérios e grandes diretorias normalmente são entregues de 'porteira fechada', com direito a uma infinidade de nomeações de apaniguados. Quanto maior o partido, mais verbas para manipular, mais exposição. Quantos votos vale uma ponte ou um pedaço de estrada mal-asfaltada? Sem falar na retribuição que sempre acompanha a realização de obras.
     Um dos casos em evidência, hoje, é a provável mudança de comando no Ministério do Trabalho, entregue ao deputado Brizola Neto, do PDT, em maio passado. Por trás das negociações, surge, altaneiro, o presidente do partido, Carlos Lupi, aquele mesmo que saiu do ministério acusado de uma série de irregularidades; que ameaçou a presidente; recuou; declarou seu 'amor' em público. É com Lupi que Dilma negocia pessoalmente, indiferente aos fatos absolutamente desabonadores da conduta de seu ex-auxiliar. Lamentável!
     O PMDB, como o maior fiador e parceiro do Governo, quer fazer valer seu prestígio, ainda maior em função das ameaçadoras presenças do governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) e da ex-senadora Marina Silva nas eleições presidenciais, dois concorrentes capazes de disputar a mesma faixa de votos com a presidente Dilma.
     Nesses momentos, aumenta o poder de negociação da turma períférica, que não pretende sair da sombra do poder, como PMDB, PDT, PSD e outros menos votados, como o PP de Paulo Maluf, o grande parceiro do PT em São Paulo.

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