quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A alma petista

     O Estadão deu ao fato o merecido destaque, não tenho dúvida. Estou me referindo às comemorações do PT pelos dez anos no poder e, em especial, à fala do ex-presidente Lula, principal nome do partido. Segundo o jornal, ao sintetizar, no título, o que de mais importante ocorreu, "Lula desafia PSDB, diz que candidata em 2014 é Dilma e defende gestão 'pró-povo'".
     Nada a ponderar em relação ao discurso do ex-presidente. Seria inimaginável que ele fosse à festança aplaudir o desempenho do Governo Fernando Henrique Cardoso - fundamental para explicar o avanço brasileiro no campo social e econômico -, desautorizar a natural candidatura de Dilma à reeleição e atirar pedras na população.
     Eu estranharia se ele, Lula, tivesse a dignidade de apontar os acertos passados. Ou se demonstrasse coragem para assumir a responsabilidade do PT - já não digo a sua, em particular - no maior escândalo institucional da história brasileira, o assalto aos cofres públicos realizado no seu Governo, no episódio que ficou conhecido como Mensalão.
     Ao contrário, o PT, em mais uma oportunidade, festejou os principais artífices da roubalheira - pelo menos os que foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal. Embora alijados da mesa principal, apenas para evitar as fotos ao lado da presidente e do seu antecessor, José Dirceu e outros bandoleiros receberam o apoio entusiasmado dos participantes.
     Também não se ouviu uma palavra sequer sobre a mais recente pilantragem protagonizada pela turma ligada à ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa. Aliás, Lula só aparece em público em situações em que não seja confrontado com jornalistas. Desde que estourou o caso da venda de pareceres, intermediados por Rosemary - sua amiga íntima -, ele não abre a boca fora dos círculos petistas.
     A reunião de ontem, em São Paulo, foi uma síntese da alma petista.

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