sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

'A carne e o sangue'

     Acabei de ler A carne e o sangue (Editora Rocco), mais um livro da escritora e historiadora Mary del Priori, a mesma de O príncipe maldito, sobre nosso quase futuro terceiro imperador. Centralizado na paixão avassaladora de D. Pedro I pela Marquesa de Santos (a paulista Domitila de Castro Canto e Melo), traça o perfil de um período determinante para a nossa história: as primeiras décadas do século 19. Uma leitura agradável, fácil - sem pretensões didáticas -, que nos remete não apenas às alcovas, mas aos salões e mexericos palacianos. Uma boa pedida para os dias de carnaval.
     Ao acompanhar a saga da princesa austríaca Maria Leopoldina, nossa primeira imperatriz, não pude deixar de associá-la - talvez pela proximidade da data - ao carnaval e a uma das melhores incursões do jornalista Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) no terreno da pura galhofa: o 'Samba do crioulo doido', no qual ele satiriza os sambas-enredo de sua época, obrigados a discorrer sobre um fato histórico. Os versos finais são definitivos: "Dona Leopoldina virou trem; D. Pedro é uma estação também'.
     Transcrevo, abaixo, para deleite geral, a letra, na íntegra:
"Foi em Diamantina
Onde nasceu JK
Que a Princesa Leopoldina
Arresolveu se casá
Mas Chica da Silva
Tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa
A se casar com Tiradentes


Lá iá lá iá lá ia
O bode que deu vou te contar
Lá iá lá iá lá iá
O bode que deu vou te contar

Joaquim José
Que também é
Da Silva Xavier
Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro II
Das estradas de Minas
Seguiu pra São Paulo
E falou com Anchieta
O vigário dos índios
Aliou-se a Dom Pedro
E acabou com a falseta

Da união deles dois
Ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão
E foi proclamada a escravidão
Assim se conta essa história
Que é dos dois a maior glória
Dona Leopoldina virou trem
E D. Pedro é uma estação também

O, ô , ô, ô, ô, ô
O trem tá atrasado ou já passou".

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