quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Uma decisão vergonhosa


“Esta é uma tarde triste para este Supremo Tribunal Federal, porque, com argumentos pífios, foi reformada, jogada por terra, extirpada do mundo jurídico uma decisão plenária sólida, extremamente bem fundamentada que foi aquela tomada por este plenário no segundo semestre de 2012”.
 Joaquim Barbosa

     É verdade, ministro Joaquim Barbosa. O Supremo Tribunal Federal vive hoje uma "tarde triste", sim, Mas vou além: o país decente está de luto com essa vergonhosa decisão tomada pelo núcleo 'ideológico' da nossa mais alta Corte. Ao absolverem os ex-bandoleiros petistas do crime de formação de quadrilha, seis 'juízes' não apenas pisotearam o longo, completo, democrático e extenuante trabalho desenvolvido pela Procuradoria-Geral da República e pelo pleno do STF.
    Esses seis 'juízes' (os dois de sempre, que contaram com o esperadíssimo apoio dos dois novos indicados a dedo pela presidente Dilma - Luiz Carlos Barroso e Teori Zavaski -, e as chorosas ministras Carmem Lúcia e Rosa Weber) assinaram o atestado de submissão à indignidade do único poder relativamente respeitado.
     Como é que alguém, minimamente decente intelectualmente, pode argumentar que não houve uma reunião de malfeitores com o objetivo definido de roubar a Nação para beneficiar o projeto político do grupo que está no poder? Teria sido o mero acaso que reuniu, na mesma insensatez, o grupo mais influente e decisivo do Partido dos Trabalhadores?
     José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, João Paulo Cunha e Silvio Pereira, o 'Silvinho Land Rover' (parte da nata petista) estavam no mesmo barco, na mesma hora, com os mesmos objetivos por obra da - digamos .. - natureza? Participaram ativamente o mesmo plano escabroso de assaltar os cofres públicos, ao longo de um grande período, sem que um soubesse da atividade do outro? Esse tipo de raciocínio abraça a imoralidade.
     De Ricardo Lewandowski e Dias Tóffoli (um ex-empregado do PT, um misto de secretário e office boy de José Dirceu) não se poderia esperar algo diferente do que fizeram ao longo de todo o julgamento do Mensalão. Dos novos ministros, seria muito difícil algo independente. Afinal, foram escolhidos cuidadosamente pela presidente Dilma Rousseff e colocados no Supremo exatamente para roubar do Tribunal a independência que conquistara.
     As ministras - Carmem Lúcia  e Rosa Weber -, desde sempre, andaram 'costeando o alambrado', como dizia o ex-governador Leonel Brizola a respeito da turma que só espera uma chance para pular a cerca. O voto da ministra Rosa Weber, quando da condenação de José Genoíno, antecipava o que viria depois: imprensada por decisões anteriores, não conseguiu se desviar e, chorando, condenou seu ídolo confesso.
     Ao absolverem os até há poucos momentos bandoleiros petistas, os seis ministros do STF deram a Joaquim Barbosa o direito de proclamar, sem subterfúgios, que se sentia autorizado "a alertar a nação brasileira de que esse é apenas o primeiro passo", e que "essa maioria de circunstância tem todo o tempo a seu favor para continuar na sua sanha reformadora".
     Configura-se o uso dos preceitos da democracia para, de maneira legal, devastá-la.


Nenhum comentário:

Postar um comentário