sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Quando a criatura devora o criador


     O ex-deputado Roberto Jefferson, que, finalmente, irá para a cadeia, jamais imaginou - tenho absoluta certeza disso! - que causaria o terremoto que quase provocou a cassação do ex-presidente Lula e a prisão da nata petista. Sua questão restringia-se ao ex-ministro José Dirceu, a quem culpava pelo desdobramento das denúncias que envolveram seu partido, o PTB, num esquema de chantagens que se originava nos  Correios, então seu - dele, Jefferson - feudo.
     Imprensado pelo volume do escândalo e vendo que seria incriminado sozinho, o então deputado - frequentador assíduo do Palácio do Planalto, não podemos jamais esquecer!!! - denunciou a existência de corrupção no primeiro escalão do governo, liderado por José Dirceu.  Foi, claramente, uma vingança. Jamais houve qualquer intenção de moralizar o País. Os desdobramentos desse contencioso pegaram de surpresa não só os denunciados, mas também o denunciante.
     Na época, o então presidente Lula - outro fato que não podemos deixar no esquecimento - hipotecou formalmente sua solidariedade a Roberto Jefferson. Disse, com todas as letras, que não acreditava no envolvimento do homem que animava jantares palacianos cantando óperas. Devemos lembrar, também, que o ex-deputado e futuro prisioneiro havia afirmado que denunciara a existência do Mensalão pessoalmente a Lula, o que explicaria a posição 'dúbia' do ex-presidente.
     Afinal, se sabia do esquema de compra de votos e dignidades, Lula seria, no mínimo, conivente, por uma omissão indesculpável. Contemporizando com Jefferson, o ex-presidente conseguiu que sua participação do maior assalto institucional aos cofres públicos fosse - digamos! - minimizada. Tanto que foi excluído do processo, apesar da afirmação do atual governador de Goiás, Marconi Perilo, de que também havia alertado o ex-presidente sobre a pilantragem que acontecia na sala ao lado da sua.
     Voltando a Jefferson. A cada aparição, mais evidenciada ficava sua angústia, seu arrependimento de ter gerado o monstro que acaba de devastá-lo. Eventualmente, tenta posar de mocinho, como se sua denúncia inicial mirasse a moralidade. A decretação de sua prisão, pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, apenas encerra parte dessa lamentável página da vida brasileira.

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