segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Os jornalistas e a ideologia

     Conheci a atual presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro, Paula Mairan, quando trabalhávamos no velho Jornal do Brasil. Eu, lá no meu canto da redação, ao lado da Arte, no 'aquário' do Carro e Moto e do Viagem (entre outros ...); ela, na Cidade, que se espalhava pelas mesas de metade do 'nosso' lado da redação, no sexto andar do prédio da Avenida Brasil, 500.
     A chegada de alguém como ela, que viveu, de fato, uma redação, à presidência do Sindicato (quase disse 'nosso' sindicato, mas estou afastado há alguns anos) é algo auspicioso, sim. Ao longo dos últimos anos, que acompanhei bem de perto - sou (era?) sindicalizado desde 1969 -, minha maior crítica à entidade remetia à falta de representatividade.
     Por descaso - ou conformismo -, a maioria absoluta dos jornalistas, na qual eu me incluía, reconheço, abandonou a militância nas mãos de um grupo que apenas se revezava nos cargos e que se atrelou ideologicamente à CUT.
     Alguns relatos das raras pessoas que de fato trabalhavam em algum lugar e que participavam das assembleias eram assustadores. Ao invés de nos mobilizarmos para, de alguma maneira, participar da vida sindical, abandonamos tudo, de vez. Eu ainda me mantive associado por um bom par de anos, mesmo depois de ter saído do JB. A partir de um determinado momento, porém, sustei minha contribuição.
     O estopim foi mais uma das edições do jornal do sindicato, assumidamente panfletário e engajado em projetos político-partidários. Definitivamente, aquele não era o 'meu' sindicato, uma entidade que deve estar acima do alinhamento com essa ou aquela tendência.
     Ao ler alguns comentários sobre a morte do cinegrafista da Rede Bandeirantes, assassinado pela bestialidade de desajustados, esbarrei em uma ou outra citação ao papel do Sindicato dos Jornalistas, a partir desse episódio. Tenho certeza que podemos (vou tomar a liberdade de me incluir nessa expectativa) esperar uma nova postura, independente, capaz de sublimar as opções pessoais dos dirigentes.
     Um sindicato não pode, por definição, se submeter a projetos partidários. Seu maior objetivo deve ser o bem-estar dos seus associados, de todos eles, o que compreende luta política, também, é claro. Paula Mairan tem os requisitos para se incorporar a uma galeria que ostenta, entre outros, os nomes de Carlos Alberto de Oliveira (Caó) e José Carlos Monteiro. Momentos como esse, o da morte de um profissional que apenas exercia sua atividade, podem redefinir vidas.

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