sábado, 8 de fevereiro de 2014

O fundo do poço


     Não votei em Garotinho nem na Rosinha. E não vou votar, com absoluta certeza. Votaria em Garotinho apenas em uma improvável situação: se disputasse qualquer cargo, o de síndico que fosse, com o ex-presidente Lula. Em um extremo assim, à beira do abismo, daria um empurrão no chefe do chefe da quadrilha que assaltou o país, no episódio que ficou conhecido como Mensalão.
     Houve um momento em que, compelido a escolher entre Lula e Fernando Collor de Melo, optei pelo candidato petista. Eram outros tempos, ainda ligeiramente inocentes. Lula ainda conseguia surgir como uma alternativa razoável a algo que se mostrou desastroso imediatamente. Bastaram mais alguns anos para essa  impressão de desfazer integralmente. Hoje, tenho plena convicção de que não há nada pior para o país, para a dignidade da Nação, do que o marido de Dona Mariza.
     Mas voltemos a Garotinho. É, inegavelmente, um retrato da mediocridade que assola o Brasil e, em especial, o Rio de Janeiro, um estado que se especializou em eleger o que havia e há de pior nesse mundo do que chamamos de política (os filósofos gregos devem dar cambalhotas nos túmulos). Mas nem mesmo isso evitou que eu tivesse ânsias de vômito ao ler a 'reportagem' da revista Época, reproduzida pelo O Globo, sobre as maquinações do marido da prefeita Rosinha.
     É qualquer coisa, menos matéria jornalística. Aproxima-se, perigosamente, do espaço que ela mesma, a Época, denunciou: o campo da calúnia, da difamação, expedientes que - não duvido - devem ser usados, também, por Garotinho.  É verdade, entretanto, que ela - a 'reportagem' -  faz justiça ao padrão eleitoral que desponta em todos os quadrantes dessa pobre república, muito especialmente aqui, nessas terras que vêm sendo recorrentemente devastadas por governantes que se tornaram responsáveis pelo lixo institucional em que nos transformamos.

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