domingo, 18 de agosto de 2013

Sobre desculpas

     Tenho lido, nos últimos dois dias, alguns brados que se propõem retumbantes contra o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, exigindo que ele peça desculpas ao ministro Ricardo Lewandowski, a quem acusou de estar fazendo 'chicanas' para favorecer os bandoleiros condenados pelo assalto aos cofres públicos realizado no governo Lula. Isso, em nome do respeito à Corte, às relações entre ministros e a qualquer coisa a mais que possa ser usada contra Barbosa.
     Lewandowski, coitado!, surge no episódio como um simples defensor das leis, dos pobres e oprimidos que é tratado a pontapés por alguém destemperado. E haja lenço para enxugar as lágrimas derramadas pelo ministro ofendido. Pura vigarice retórica e tendenciosa. Com a desculpa de zelar pela integridade das relações no STF, a companheirada está, mesmo, é alimentando a fornalha acesa para cozinhar o processo do Mensalão e apresentar um 'prato feito' de pilantragens para o consumo da população.
     Por trás das críticas transparece, colossal, a determinação de usar tudo o que for possível para aliviar as penas dos quadrilheiros chefiados pelo ex-ministro José Dirceu (o ex-presidente Lula, acusado de ser o verdadeiro chefe, foi excluído do processo), especialmente os petistas. Não há uma palavra, sequer, sobre o comportamento juridicamente indigno de Lewandowski ao longo de todo o julgamento e nessa fase de apelações.
     Comodamente, os críticos de Joaquim Barbosa - que comete seus excessos, não há dúvida - esquecem tudo o que foi tentado pelo ministro indicado por Dona Marisa Letícia Lula da Silva, com a extremada colaboração do ex-empregado do PT, o atual ministro Dias Toffoli, aquele que não teve o menor constrangimento de participar do julgamento de seus ex-patrões e chefes políticos, quando deveria se declarar impedido, por razões, no mínimo, morais.
     Nas suas invocações contra Barbosa, determinados críticos ignoram vergonhosamente um fato recente que não pode ser dissociado do conjunto: a denúncia formal e documentada contra Lewandowski, que teria beneficiado o PT e a presidente Dilma Rousseff quando presidia o Superior Tribunal Eleitoral, ao qual também pertence. São fatos distintos? Não, não são. Fazem parte do mesmo pacote que provocou e provoca as reações indignadas de Joaquim Barbosa.
     É isso - defender petistas e governistas de modo geral - que, infelizmente para o País, Lewandowski vem fazendo seguidamente, ano após ano. Alguém poderá, até com certa razão, ponderar que o comportamento do ministro é subjetivo, que não se pode afirmar categoricamente que ele faz "chicanas", pela imponderabilidade da interpretação. Joaquim Barbosa, pela proximidade, e a maior parte da população decente desse país pensam diferente.
     Para mim, Lewandowski é quem deve desculpas ao Brasil.

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