sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O atoleiro brasileiro

    Se levarmos em consideração o nível dos nossos políticos em geral, não há motivos para espanto com a decisão da Câmara de preservar o mandato do deputado federal Natal Donadon, condenado e trancafiado no presídio da Papuda por formação de quadrilha e desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa de Rondônia. Há algum tempo o Legislativo brasileiro, em todos os níveis, perdeu o respeito da população.
     Segundo nos conta O Globo, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, lamentou essa decisão, que classificou de "impasse constitucional absurdo", e que poderá se repetir quando, afinal, o julgamento dos quadrilheiros do Mensalão do Governo Lula terminar, definitivamente. Não por acaso, os petistas condenados e seus parceiros, destaque para João Paulo Cunha, ajudaram a liberar o companheiro de 'vicissitudes'.
     É assim que grande parte da política e dos política funciona, à base de compromissos escusos, troca de favores deletérios, omissões, envolvimentos espúrios, corrupção. Lamentavelmente, essa parcela vem se mostrando majoritária na nossa vida pública, em detrimento da ala digna dos nossos representantes, que existe, sim, independentemente do matiz ideológico.
     Joaquim Barbosa, na declaração feita no Rio, onde estava para receber uma homenagem pela sua postura petica, ressalva a soberania do Congresso, mas adverte - com toda a firmeza - que "ele terá que conviver e lidar com as consequências desse ato". Infelizmente, ao que tudo indica, nenhum dos comparsas do deputado presidiário perderá um minuto sequer de sono.
     Dramas de consciência só surgem em seres dotados de caráter, dignidade. Não é o que os nossos representantes nos apresentam.
     Assim como é difícil conviver com a ideia de que um dos ministros da nossa mais alta Corte, o ex-funcionário petista Dias Toffoli, não se sentiu impedido de julgar processos envolvendo não a companheirada do partido, mas, sim, um banco ao qual deve uma pequena fortuna e que, graciosamente, decidiu reduzir a taxa de juros cobrada, como nos contam o Estadão e a revista Veja.
     Está cada vez mais difícil acordar e não lamentar esse período de trevas vivido pelo Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário