segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Reencontrando a história

     Foi irresistível, confesso. Naveguei, sim, pelas páginas digitalizadas do jornal O Globo, ao encontro de alguns momentos que me marcaram na passagem pela Rua Irineu Marinho, nos anos 1970. Procurei, em especial, determinados acontecimentos, como a inauguração da Ponte Rio-Niterói (março de 1974), que eu cobri, desde a madrugada anterior, acompanhando a formação do 'grid de largada' para a primeira travessia, conversando com os motoristas que fizeram uma grande uma festa.
     Naqueles tempos, nossos jornais mais formais eram módicos em assinar reportagens. No O Globo, apenas alguns textos. Lembro que minha primeira matéria assinada no jornal do Dr. Roberto foi uma viagem à Argentina, em pleno governo Isabelita Peron, 'La Señora'. Eu deveria aproveitar as delícias das estações de inverno, para o caderno de turismo, mas acabei ficando mesmo em Buenos Aires, que efervescia.
    As velhas páginas de O Globo, nas quais eu me reencontrei, reavivaram, no entanto, a lembrança de outro dos momentos mais marcantes do jornalismo brasileiro, protagonizado pelo antigo e decente Jornal do Brasil, onde também tive o prazer de trabalhar por quase duas décadas.
     Nesse dia - 14 de dezembro de 1968 - eu ainda (ou já...) estagiava na Meridional, a agência de noticias que fornecia reportagens para os jornais, emissoras de rádio e tevês dos Diário Associados (O Jornal e Jornal do Commercio, aqui no Rio). Ganhávamos por um e trabalhávamos para algumas dezenas. Invenção diabólica do Dr. Assis Chateaubriand Bandeira de Melo.
     Nesse dia - o seguinte à edição do Ato Institucional Número 5, que mergulhou o país, de fato e de direito, em uma ditadura -, o JB fez uma primeiras página irrepreensível, um marco na resistência que iria marcar seus próximos anos. No alto da página, ao lado do título, dois quadrinhos exibiam a enorme capacidade criativa da grande equipe que fazia o jornal.
     Do lado esquerdo, a previsão do tempo, ressaltando que o ar estava 'irrespirável'. Do outro, uma lembrança que se mostraria absolutamente verdadeira, com o passar dos tempos: 'Ontem foi o Dia dos Cegos', alusão perfeita ao dia de Santa Luzia e que passou incólume pela censura que acabara de ser instaurada no País.

     PS: Esse texto é uma homenagem, também, ao Dia do Historiador, comemorado hoje.

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