quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Exemplos de uma época

     As duas principais matérias de hoje, de O Globo, remetem para os mesmos temas, recorrentes nos últimos dez anos, sete meses e 14 dias: roubalheira e desperdício de dinheiro público. O grande destaque do noticiário é a constatação, formal, mediante números, de que o tal trem-bala entre Rio, São Paulo e Campinas, anunciado com pompa pelo atual governo - algo que sequer materializou um dormente sequer - já está custando algo em torno de R$ 1 bilhão.
     Só de olhar esse número podemos imaginar a dimensão da vigarice. É, mais ou menos, o quanto custou o novo Maracanã, que já foi escandalosamente caro e está lá, vazio, mas está. E sequer estou discutindo a necessidade do tal trem, que, na minha visão, será (se algum dia virar realidade) algo absolutamente elitista, em função das tarifas estimadas. Mais bem faria o governo se investisse no aprimoramento das redes ferroviárias já existentes e na recuperação de ramais abandonados pela febre rodoviária.
     O conceito de trem-bala é excelente, não resta dúvida. Quem já teve o prazer em viajar em algum deles, ao redor do mundo, provou seus benefícios, ou seu custo-benefício. Mas nesse mundo de moderno, o estado já oferece uma excelente estrutura de transportes paralela. Não é bem o que acontece por aqui.
     O outro tema de destaque de hoje é a volta do julgamento dos recursos interpostos pelos quadrilheiros do Mensalão do Governo Lula. O ministro Gilmar Mendes, ontem, deu um aviso aos meliantes, ao afirmar que, embora respeitando o procedimento, toda essa tentativa de reversão das condenações não passa de algo protelatório. As decisões, garante, não serão reconsideradas.
     É o que espera a parcela majoritariamente digna da sociedade brasileira. Um eventual afrouxamento das condenações seria encarado como mais um momento de fraqueza institucional, reforçando a crença de que a Justiça só atinge os menos poderosos. Não há justificativa para abrandamento de penas. O processo foi exaustivamente esmiuçado e democraticamente exposto à sociedade.

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