Ao assistir,
de passagem, à posse da presidente Dilma Rousseff e ao olhar seus ministros e
convidados, não conseguia deixar de pensar que, no Brasil, o crime compensa,
sim. Como é possível aceitar, sem que o estômago comece a se revolver, que uma
das principais convidadas para a festança tenha sido justamente a ex-ministra da
Casa Civil, Erenice Guerra, envolvida até a medula num caso ainda aberto de
pilantragem enquanto ocupava o cargo?
A foto de
Erenice ao lado de Graça Foster, a ainda presidente da saqueada Petrobras,
publicada hoje em O Globo, entre
outros, é a prova mais evidente da promiscuidade e da devassidão que marcam
essa era infeliz da nossa história. As duas só estavam lá, convidadas pela
presidente, para cumprir um claro e evidente compromisso que passa por um
acordo de não-delação.
Se jogadas
na vala comum dos assaltantes dos cofres públicos da Nação, certamente não
aceitaram o enterro sem pompas e unilateral, ao contrário do que fez o insignificante
ex-tesoureiro petista do mensalão, Delúbio Soares, que assumiu toda a culpa
para livrar o chefão de todos os chefes.
Erenice saiu
pela porta dos fundos, mas vem provando que seu ‘prestígio’ continua intacto
nas hostes petistas e governamentais. Graça Foster, apesar da dimensão do
escândalo envolvendo o assalto aos cofres da Petrobras para financiar
basicamente o PT e asseclas mais próximos, continua lá, encarapitada na chefia
da nossa maior empresa, impávida, colossal.
Se a
primeira aceitou a demissão quando ficou evidenciada a existência de um balcão
de negócios escusos na Casa Civil, a segunda não admitiu levar a culpa pela
vagabundagem institucional, pelo esquema de propina ajustado para garantir os
recursos necessários ao esquema de poder.
Erenice
contenta-se com as demonstrações públicas de ‘apreço’, como os convites para festanças
oficiais. Graça não parece disposta a trocar passivamente a cadeira de
presidente da Petrobras pelo banco os réus.
As duas
presenças em Brasília, ontem, deram, para mim, o tom exato do que podemos
esperar de um governo que já começa marcado pela corrupção, pela mais vulgar
troca de favores, pelo loteamento de ministérios, pela mediocridade dos
integrantes do primeiro escalão.
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