A evidente condescendência de grande parte de nossos ‘pensadores’
com os terroristas que assombraram o mundo, ontem, ao assassinar 12 pessoas em
Paris, não me surpreendeu – lamento admitir. Também não me surpreendi com a
disfarçada defesa dos assassinos, subentendida em algumas entrevistas
protagonizadas por legítimos representantes da nossa aparelhada área de
ciências humanas. E é claro que já esperava o silêncio dos nossos partidos de ‘esquerda’
(seja lá o que sabemos que isso é), em especial o PT.
Afinal, toda essa gente nutre um ódio visceral contra a
liberdade, algo tão transcendental e que representa um entrave aos seus sonhos
espúrios, à sua patológica busca pelo poder absoluto. No caso específico dos
protagonistas de entrevistas, professores de universidades públicas, eu até já esperava
algo semelhante, em função de experiências recentes, frutos da minha volta à vida
acadêmica, quase quarenta anos depois de ter frequentado, pela última vez, uma
universidade.
Para não deixar dúvidas, quero reafirmar que os dois últimos
anos passados no curso de História da UFRRJ têm sido absolutamente
gratificantes, pela possibilidade de debates, convívio com novíssimas gerações
e por desafios intelectuais que eu já não me imaginava com determinação para
desenvolver. Mas essa moeda tem dois lados, como eu já antevia e pude
constatar ao longo dos quatro primeiros períodos de estudo (começaremos o
quinto período em março).
Com raríssimas exceções – aquelas que apenas confirmam a regra
-, o corpo docente da nossa área de conhecimento é formado não apenas por
professores, mas por militantes, combatentes a serviço de um projeto político.
Assim, as salas de aula, não raro, transformam-se em palco para proselitismo,
com um agravante: a evidente ascendência sobre jovens que mal deixaram a
adolescência, presas fáceis de discursos fantasiosos e sem substância,
rancorosos, inflados com dados falseados, manipulados.
Vivi, pessoalmente, um episódio que ainda não consegui
digerir integralmente, e que pode ajudar a compreender a visão doentia de
determinados analistas políticos requisitados no campo acadêmico: um assassino claramente
psicopata foi aplaudido entusiasticamente durante um seminário que pretendia
debater os 50 anos do golpe militar.
Convidado para participar de uma mesa de debates, o autodenominado
‘comandante Clemente’, aliciado aos 15 anos pelo criador da Aliança Libertadora
Nacional, Carlos Marighella, vangloriou-se de ter assassinado o primeiro “inimigo”
quando tinha 17 anos. E de não ter parado com os assassinatos, desde então, até
se exilar em Paris. Não satisfeito, defendeu os black blocs (lembram-se deles?)
e conclamou os jovens assistentes a ir para as ruas e a quebrar tudo, sim, “por
que não?”.
O responsável pela mediação da mesa – um professor com
enorme trânsito entre os jovens alunos - foi o primeiro a aplaudir, de pé,
essas insanidades.
Parabéns, Marco, pelo texto honesto e corajoso. Um grande abraço.
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