Não sou de ir a shoppings. Na verdade, sou daqueles que
preferem ficar em casa, mexendo em plantas, cuidando da piscina para o prazer
dos netos. Isso, quando não é possível pegar um carro e sair pelo país, como
fiz regularmente nos últimos 20 anos, desbravando lugares como nossas três
chapadas principais (Veadeiros, Diamantina e Guimarães), Pantanal, Amazônia e
esse incrível Jalapão, pelo qual me apaixonei definitivamente e onde estive
sete vezes.
Mas não resisto – confesso – a uma chance de encontrar
Júlia, Pedro ou João Pedro. Por eles, vou até ao Rio-Sul na véspera de Natal,
se preciso for. Hoje, para encontrar o molequinho mais novo dos três, fui ao
novo Shopping Américas, no Recreio, e tive a chance de esbarrar em figuras que
modificaram, até, alguns de meus conceitos sobre pessoas e assemelhados.
Há alguns meses, na falta de assunto mais palpitante,
relacionei alguns personagens aos quais eu preferiria ignorar, como pessoas que mandam ‘arreiar’, quando querem dizer ‘arriar’. Ou que usam óculos no
cocuruto, ao invés de nos olhos, como seria de se esperar. Quando vejo, de
longe, um sujeito com os óculos escuros cravados no alto da cabeça imagino logo
que esteja tentando permear a entrada de conhecimento.
Pois bem. A ida ao tal shopping, hoje, me ofereceu a
oportunidade de descobrir um novo personagem ainda mais deplorável e ridículo, uma espécie de ‘evolução’ do cara
que usa óculos na cabeça, para compor um tipo, seja lá isso o que for: é o
sujeito que usa os óculos ao contrário. Isso mesmo: ao contrário, com as lentes
viradas para trás, na altura da nuca, como se fossem os ‘olhos cegos’ de uma
dessas composições brasileiras incompreensíveis.
Talvez seja o calor, esse calor insuportável.
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