sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Falta moral política à presidente Dilma para demitir Graça Foster

     Vou tomar a liberdade de repetir uma afirmação feita aqui mesmo, há um bom tempo: a presidente da Petrobras, Graça Foster, só deixará o cargo no dia que quiser e resguardada por garantias absolutas de que não irá dividir uma cela (divisão retórica, é claro) com seus ex-subordinados na empresa. A presidente Dilma Rousseff sabe bem disso. Assim como ela e o ex-presidente Lula sabiam que não seria possível escantear definitivamente a ex-chefe da Casa Civil (eu quase escrevi ‘covil’), Erenice Guerra, flagrada com as todas as mãos disponíveis (as dela e as do filho) em bandalheiras inacreditáveis.
     Os antecedentes do Mensalão do Governo Lula serviram de alerta para todos os que continuaram empenhados em assaltar os cofres públicos em nome de um esquema de poder vagabundo e desmoralizado pela história. Mesmo com todas as regalias, com o tratamento diferenciado e sabujice dos companheiros, o ex-ministro José Dirceu e os ex-deputados José Genoíno e João Paulo Cunha foram obrigados a purgar algum tempo na cadeia.
     O operador da pilantragem petista, o publicitário mineiro Marcos Valério, deve estar arrependido ao extremo por ter retardado a delação dos chefões do assalto mensaleiro. Se optasse pela denúncia, talvez fosse premiado e sua pena não chegasse à décima parte dos quase 40 anos de cadeia que está obrigado a cumprir.
     Graça Foster e todos os que a cercam acreditam que não podem pagar por terem cumprido a contento uma ‘tarefa’. A devastação da Petrobras não é obra dela, presidente, em particular. Faz parte de um projeto maior, que usou a empresa para dar sustentação e financiar o sonho petista de se perpetuar no poder, a qualquer custo, desde – é claro! – que o preço fosse pago por todos nós.
     Talvez – e venho pensando nisso com maior constância, a cada dia – a presidente da Petrobras não soubesse, de fato, tudo o que vinha acontecendo, a roubalheira, a inflação dos preços, os desvios, as chantagens, a corrupção. Talvez – e só talvez – ela tivesse o olhar voltado estritamente para os desafios tecnológicos e tenha se surpreendido com a desfaçatez dos diretores indicados pelos partidos que compõem o governo presidido por sua (ex?) amiga Dilma Rousseff.
     E, talvez, esteja centralizada nesse ponto a insistência com que ela, Graça, se aferra ao cargo. Claramente não admite sair pela porta dos fundos, apontada como criminosa, sujeita às consequências de um inevitável julgamento.

     A presidente pode bufar, mandar recados, ameaçar, mas – ao que tudo indica – não tem a dimensão política moral para demitir sua companheira. Ao menos até agora, embora venha tentando uma saída, qualquer uma, para o problema que pode desembocar no seu impedimento.

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