Vou tomar a liberdade de repetir uma afirmação feita aqui
mesmo, há um bom tempo: a presidente da Petrobras, Graça Foster, só deixará o
cargo no dia que quiser e resguardada por garantias absolutas de que não irá
dividir uma cela (divisão retórica, é claro) com seus ex-subordinados na
empresa. A presidente Dilma Rousseff sabe bem disso. Assim como ela e o
ex-presidente Lula sabiam que não seria possível escantear definitivamente a
ex-chefe da Casa Civil (eu quase escrevi ‘covil’), Erenice Guerra, flagrada com
as todas as mãos disponíveis (as dela e as do filho) em bandalheiras
inacreditáveis.
Os antecedentes do Mensalão do Governo Lula serviram de
alerta para todos os que continuaram empenhados em assaltar os cofres públicos
em nome de um esquema de poder vagabundo e desmoralizado pela história. Mesmo
com todas as regalias, com o tratamento diferenciado e sabujice dos companheiros,
o ex-ministro José Dirceu e os ex-deputados José Genoíno e João Paulo Cunha
foram obrigados a purgar algum tempo na cadeia.
O operador da pilantragem petista, o publicitário mineiro Marcos
Valério, deve estar arrependido ao extremo por ter retardado a delação dos chefões do
assalto mensaleiro. Se optasse pela denúncia, talvez fosse premiado e sua pena não chegasse à
décima parte dos quase 40 anos de cadeia que está obrigado a cumprir.
Graça Foster e todos os que a cercam acreditam que não podem
pagar por terem cumprido a contento uma ‘tarefa’. A devastação da Petrobras não
é obra dela, presidente, em particular. Faz parte de um projeto maior, que usou
a empresa para dar sustentação e financiar o sonho petista de se perpetuar no
poder, a qualquer custo, desde – é claro! – que o preço fosse pago por todos
nós.
Talvez – e venho pensando nisso com maior constância, a cada
dia – a presidente da Petrobras não soubesse, de fato, tudo o que vinha
acontecendo, a roubalheira, a inflação dos preços, os desvios, as chantagens, a
corrupção. Talvez – e só talvez – ela tivesse o olhar voltado estritamente para
os desafios tecnológicos e tenha se surpreendido com a desfaçatez dos diretores
indicados pelos partidos que compõem o governo presidido por sua (ex?) amiga Dilma
Rousseff.
E, talvez, esteja centralizada nesse ponto a insistência com
que ela, Graça, se aferra ao cargo. Claramente não admite sair pela porta dos
fundos, apontada como criminosa, sujeita às consequências de um inevitável
julgamento.
A presidente pode bufar, mandar recados, ameaçar, mas – ao que
tudo indica – não tem a dimensão política moral para demitir sua companheira.
Ao menos até agora, embora venha tentando uma saída, qualquer uma, para o problema que pode desembocar no seu impedimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário