quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Esse 'balcão' tem dois lados, e um deles é oficial

     Essa gente só fala nas empresas, nos empresários, na punição de uns, na preservação de outros etc etc etc. A proposta é evidente e aposta na desinformação do público em geral e na conivência canalha dos apoiadores desse esquema devasso que vem saqueando os cofres públicos com o único objetivo de manter o poder, a qualquer custo. O grande objetivo de petistas e assemelhados é desviar o foco da roubalheira para as ‘elites empresariais’, ofuscando a grande verdade: os atuais detentores do poder institucionalizaram o assalto aos cofres públicos há doze anos.
     Ninguém duvida que sempre houve e haverá corrupção. Aqui e em qualquer parte do mundo. Também é verdade que há muito mais bandalheira nessas terras tupiniquins; em republiquetas desmoralizadas, como a argentina e a venezuelana; em ditaduras formais ou disfarçadas, como a cubana e a iraniana; e em regimes arbitrários e essencialmente devassos como o russo e alguns africanos. No nosso caso, entretanto, a corrupção passou por um processo de aprimoramento e de apropriação pelo sistema de poder.
     Os empreiteiros e empreiteiras certamente distribuíram muito dinheiro e compraram muitas cabeças para preservar seus feudos na Petrobras, alvo atual das investigações mais profundas. Mas não resta a menor dúvida que havia ‘alguém’ do outro lado do balcão, ávido, bolsos escancarados à espera do produto do assalto combinado.
     Não se trata de mais um caso – como o Governo e seus asseclas querem fazer acreditar – de empresários vigaristas molhando a mão de um ou outro funcionário malandro.  Essa é a toada que os marqueteiros palacianos estão tentando empurrar goela abaixo da população, contando com a conivência de grupos supostamente responsáveis, muitos deles integrados por autodeclarados ‘formadores de opinião’, proprietários cativos de teclados vendidos.
     O assalto ao País é institucional e, nesse caso da Petrobras, formatado para dar ares de legalidade a atos obscenos, asquerosos. Um modelo aprimorado do que houve no Mensalão do Governo Lula, o maior roubo ocorrido no Brasil, até então. As empresas e empresários de agora faziam parte de uma engrenagem imunda, mas não a lideravam. Locupletavam-se, sim, mas atendendo a um projeto oficial.
     Os quadrilheiros de hoje, no entanto, não contavam com o acaso, com um juiz determinado e incorruptível, acima das pressões. E com a loquacidade de seus asseclas na área de ‘operações’. No meio do caminho do maior roubo da nossa história havia um doleiro e um petroleiro inescrupulosos, sim, mas determinados a não pagar sozinhos pela roubalheira. O exemplo do publicitário Marcos Valério, o único condenado, de fato, pela bandalheira no Governo Lula (quase 40 anos de cadeia!!!), pesou.
     O resultado é o que ainda estamos começando a ver: um bando de milionários na cadeia e outro bando – de políticos da ‘base’ - prestes a ser preso e a possivelmente decretar o fim antecipado do atual governo, ameaçado de fato pelo impeachment. No meio de tudo, para infelicidade do país, a destruição da Petrobras, empresa que sempre foi o orgulho nacional.
     E ainda há quem defenda essa corja.

     PS: Se alguém ainda não leu, vale a pena ler a última entrevista do ministro da Justiça, esse lastimável José Eduardo Cardozo, reverberando as declarações da sua chefe feitas ontem. Mas é bom estar preparado.


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