sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O naufrágio de um símbolo

     Não foi apenas por isso, é claro! Eu não usaria argumento tão simplório. É evidente que o ex-presidente Lula e a atual presidente, Dilma Rousseff, venceram com relativa folga os confrontos com a turma do PSDB e do DEM, em especial, pela identificação com a massa que compõe o colégio eleitoral brasileiro, alimentada pelas bolsas. Mas não tenho dúvida que a divulgação, mentirosa, de uma eventual disposição para vender a Petrobras, por parte de José Serra e Geraldo Alckmin, ajudou a consolidar a vitória petista.
     A Petrobras, 60 anos depois de criada, pelo presidente Getúlio Vargas, continua exercendo um fascínio irresistível na população, que se orgulha dela, às vezes até sem se dar conta. Vender a Petrobras, como Lula e Dilma afirmavam que seus adversários iriam fazer, soou aos ouvidos do brasileiro como uma atitude de lesa-pátria. Tão forte quanto a outra possibilidade, também mentirosa, do fim do Bolsa-Família.
     Mas é assim que o PT continua construindo seu caminho para a dominação completa do país, mentindo, adulterando, distribuindo benesses, exercendo a arte do proselitismo, do estelionato ideológico, comprando uns e outros, aqui e ali, como ficou comprovado no episódio do Mensalão, o maior assalto institucional aos cofres públicos, como repito sempre que posso.
     A 'venda' das nossas reservas de petróleo vem sendo feita como nunca nesse país, embora a propaganda oficial insista em fazer parecer que não. Até aí, no entanto, nada a reclamar. Eu sou daqueles que enxergam benefícios da privatização, desde que não interfira na soberania nacional. O problema é outro, muito mais grave e de consequências imprevisíveis: o sucateamento contábil e moral da empresa, exercido sistematicamente, para assegurar a eternização do atual esquema.
     A Petrobras afunda em prejuízos e perde, a cada ato desencontrado, valor de mercado, por conta da má-gestão e uso político-ideológico. A tão decantada autossuficiência mostrou-se uma das maiores vigarices retóricas das últimas décadas. Hoje, e esse é o tema da manchete de Veja, por exemplo, a empresa amarga um astronômico déficit comercial, que atinge inimagináveis R$ 25 bilhões.
     As exportações, nos revela a matéria, caíram 37%, enquanto as importações subiram 23%. Seriam os 'azares da sorte', poderiam argumentar seus gestores. Estamos consumindo mais, o que provaria uma tese de crescimento. Algo semelhante à argumentação da governadora Roseane Sarney para explicar o aumento da violência no Maranhão.
     Essa gente, não duvidem, está devastando o país.

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