sábado, 4 de janeiro de 2014

A 'evolução' da pilantragem

     Essa gente que está no poder há 11 anos evolui a cada minuto, na arte de fraudar, é claro. O processo começou lá no início dos anos 2000, quando foi montada uma rede de extorsão de empresas de ônibus no interior paulista, em municípios administrados pelo PT, como consta no processo que ainda investiga o assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André.
     O arrecadador do dinheiro, de acordo com os irmãos do prefeito assassinado ao tentar romper com o esquema de extorsão, era o ministro Gilberto Carvalho. Na acusação, eles destacam que Carvalho - um dos nomes mais destacados do partido, homem de confiança do ex-presidente Lula, por quem disse que morreria, se preciso fosse - usava seu Fusca para transportar a dinheirama até São Paulo, onde a entregava - ainda de acordo com os depoimentos - ao ex-ministro e atual prisioneiro José Dirceu.
     O esquema, de tão vagabundo, terminou com o sequestro e posterior assassinato de Celso Daniel, que - ainda de acordo com os irmãos, frise-se - decidira romper com o esquema, do qual participava, quando o dinheiro começou a irrigar bolsos particulares, além dos cofres do PT.
     De extorsão em pequena escala, o PT passou para o grande assalto institucional que foi o Mensalão do Governo Lula, acreditando na impunidade. Não contava com o destempero verbal de um deputado muito amigo, comensal do Palácio, que, sentindo-se ameaçado por José Dirceu, desencadeou a crise que se arrasta até hoje. Roberto Jefferson, assim como Celso Daniel, também fazia parte do 'esquemão'.
    Do Mensalão, passou-se à ocupação dos ministérios e tudo o mais que pudesse render conchavos com empreiteiras, principalmente. Roubou-se como nunca, de acordo com levantamentos em contratos e investigações da Polícia Federal. Ao contrário do que ocorreu em Santo André e no Mensalão, ninguém, ainda, pagou pelos seus pecados. Todos os principais envolvidos nas pilantragens mais recentes continuam por aí, livres e soltos, influentes no Governo.
     Ontem, como nossos jornais nos informam hoje, tivemos mais um assalto, não aos cofres, diretamente, mas à dignidade do país, à sua seriedade. Os números apresentados pelo Governo para mascarar o descalabro fiscal não resistiram às mais simples avaliações dos nossos economistas e jornalistas econômicos. Descobriu-se, por exemplo, que plataformas de extração de petróleo que jamais saíram das nossas plagas entram na contabilidade fantasiosa do Governo, como vendidas, mas aqui ficavam, alugadas.
     Um golpe contábil primário, mas que já representou, por certo, uma grande evolução para quem extorquia empresas de ônibus e assaltava os cofres públicos para comprar apoios e pagar as contas de seus correligionários, incluindo 'tevês por assinatura'. Não é mesmo, deputado João Paulo Cunha?

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