sábado, 11 de janeiro de 2014

Da França ao Brasil, sem escalas

     O mundo inteiro parou para discutir o romance do presidente francês, Françoise Hollande, com a atriz Julie Gayet (parte desse mundo morre de inveja do ativo mandatário). Na França, contam os jornais, a divulgação do caso de amor, por uma revista de variedades, serviu para unir até mesmo adversários teoricamente irreconciliáveis, em defesa do direito à privacidade.
     Hollande é casado pela segunda vez, mas, segundo consta, estaria afastado da mulher, uma jornalista famosas no país. No primeiro casamento, teve quatro filhos. E daí?, talvez estejamos nos perguntando. Embora reconhecendo o direito do presidente à privacidade, sou forçado a admitir que também balançaria, caso fosse o editor da tal revista, ao receber as informações sobre os encontros furtivos do presidente com a bela atriz, em um hotel parisiense. Exatamente por serem furtivos, encobertos, disfarçados.
     Se fossem encontros subvencionados pelo caixa oficial, pagos pelos impostos, eu não teria qualquer dúvida em estampá-los na capa, com todas as observações devidas. Afinal, a população não pode pagar pelos prazeres alheios. Exatamente como aconteceu por aqui, no caso que envolveu o ex-presidente Lula com a chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa.
     Ao contrário do affair francês, o brasileiro - de acordo com todas as informações que se tornaram relativamente públicas - foi subvencionado pelos cofres nacionais, já assaltados pela turma de mensaleiros, anteriormente. Dona Rosemary viajou pelo mundo ao lado do presidente, sem que constasse da relação oficial de passageiros (dizem por aí que era para Dona Marisa não ficar sabendo ...).
     Nas viagens, relataram testemunhas, tinha acesso direto aos aposentos presidenciais, inclusive no avião que transportava a comitiva. Esse relacionamento que invadia as alcovas rendeu-lhe prestígio suficiente para nomear dirigentes de agências, conseguir empréstimos e negociar prestígio.
     Ao contrário do eleitor francês, poucos brasileiros tomaram conhecimento da dimensão do caso Lula/Rosemary. A ex-chefe de gabinete, afastada do cargo, merece, do esquemão oficial, todos os cuidados. Até hoje, passado um largo tempo da divulgação do caso de venda de prestígio, nada aconteceu, de fato. O caso foi abafado. O ex-presidente, desde então, não dá entrevista coletiva, com pavor de ser provocado a falar do assunto.
     A tática de silêncio vem dando certo. Poucos perdem tempo em lembrar esse assunto. Assim como há um profundo e vergonhoso silêncio em relação às estripulias contábeis do atual ministro do Desenvolvimento e muitas outras coisas, Fernando Pimentel, virtual candidato ao governo de Minas. O lastimável episódio em que ele se envolveu, logo após ter deixado a prefeitura de Belo Horizonte e pouco antes de assumir a coordenação da campanha da presidente Dilma, foi oportunamente esquecido.
     Vocês ainda lembram que ele recebeu uma fortuna (quase R$ 2 milhões) da Federação das Indústrias de Minas Gerais por 'palestras' que jamais proferiu? Pois é. Confrontado pela divulgação desse escândalo, Pimentel desapareceu do noticiário e manteve-se assim até agora, quando ressurge como o candidato do PT ao governo mineiro.
     Assim como ninguém (ou quase ninguém) fala do caso Lula, apenas alguns insistem em relembrar que Pimentel encheu os bolsos com um dinheiro que não fez por merecer. Se fosse na França ...

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