sábado, 25 de janeiro de 2014

"Esse é dos nossos"


     Continuam pipocando, aqui e ali, exemplares explícitos de demagogia, meros bestialógicos, puras abstrações, estelionatos retóricos. O tema, é claro, os tais dos 'rolezinhos', vigaristicamente associados a expressões culturais, aspirações inclusivas, exposição das contradições do capitalismo e outras imbecilidades do mesmo teor.
     Um dos exemplos dessa maré de abjurações intelectuais conquistou seu espaço hoje nas páginas de O Globo, pela pena de um dos cineastas mais famosos - e ricos!!! - dessas terras tupiniquins. O cabra, seguindo um raciocínio torto de uma das alas das ditas esquerdas nacionais - aquela turma de gente abastada que alimenta suas teorias terceiro-mundistas nos bares e restaurantes da moda, regando-as (as 'teorias') com malte escocês dos mais puro - enveredou por explicações sociológicas para terminar culpando os mais bem-aquinhoados por todos os males modernas.
     Em síntese: um discurso  naftalínico, nada mais do que empulhação e lugares comuns, um enorme exercício de estelionato ideológico monstado a partir de conceitos antropológicos e sociológicos preservados em formol. Algo como as deploráveis opiniões do cantor e compositor Caetano Veloso sobre os 'black blocs'. O rigor intelectual é absolutamente semelhante.
     Na verdade, eu até 'entendo' semelhamentes asnices. Há uma turma bem grande que precisa, a todo custo (e a palavra não foi escolhida por acaso), mostrar identidade com os atuais detentores do poder e, por óbvio, das canetas que assinam a liberação de verbas para seus projetos culturais.
     Nunca, jamais, em tempo algum - como costumava repetir à exaustão o mais ignorante presidente que esse país já teve em toda a sua história -, tantos companheiros, irmãos de fé e camaradas encheram os bolsos com dinheiro público, financiados pelos nossos impostos. E essa gente sabe que, na hora de bater na porta das estatais para pedir uma verbinha, artigos como esse, publicado hoje em O Globo, são fundamentais para marcar uma posição e garantir a reação esperada: "Esse é dos nossos".

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