sábado, 9 de novembro de 2013

Por uma UPP nacional

     Vou me colocar na contramão da onda de críticas às Unidades de Polícia Pacificadora geradas, em especial, por uma boçalidade (o provável assassinato de um pedreiro na Rocinha) e uma consequência da ação: o deslocamento de criminosos para outros locais da cidade, em particular, e do estado, em geral.
     É evidente que há falhas no projeto das UPPs, humanas e estruturais. Mas seria um enorme absurdo admitir que o governador Sérgio Cabral, por mais medíocre que seja (não 'morro de amores' por ele, em quem não votei, jamais), tenha sido conivente ou omisso em relação a esses dois fatos.
     Na morte do operário, provavelmente vítima de abusos, todos nós fomos vítimas desse tumor que, infelizmente, corrompe o organismo policial brasileiro, como um todo: a arbitrariedade. Nossas polícias, civil e militar, têm, sim, elementos daninhos, nocivos, que desonram o compromisso com a dignidade exigida da função.
     Mas não acredito que sejam sequer em número significante, levando em conta o efetivo. São desajustados, que também o seriam caso exercessem qualquer outra atividade. O peso da arma que carregam e da fé pública que ostentam, no entanto, amplia os malefícios que provocam. Mas os benefícios da ação policial decente não podem ser ignorados.
     Assim como não podem ser reduzidas as conquistas das UPPs, que devolveram parte da cidadania roubada de várias comunidades por marginais que as mantinham reféns. É fato que bandidos expulsos de favelas se instalaram em outros municípios, que passaram a conviver com índices crescentes de criminalidade.
     Na minha interpretação, no entanto, isso é um indicativo de que as Unidades estão cumprindo com seu papel, ao devolverem a paz às áreas ocupadas. A crítica que se pode - e deve - fazer é outra: falta ao Rio de Janeiro, como um todo, uma grande e eficiente UPP, que atenda a todas as cidades, como é obrigação do Estado.
     Extrapolando: precisaríamos de uma força policial que garantisse a paz em todo o país.

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