terça-feira, 5 de novembro de 2013

Mais uma na conta do Cardozo

     José Eduardo Cardozo é, talvez, a piada mais sem graça da atual administração - excetuando a própria presidente -, pela dimensão do cargo que ocupa. Talvez não tenha havido um ministro da Justiça tão insignificante na nossa história. É verdade que Thomaz Bastos - o mais caro advogado de porta de xadrez do país - foi ministro no primeiro governo Lula, mas tem lá seus predicados. Pelo menos esteve sempre ao lado dos criminosos mais ricos, defendendo as causas mais indefensáveis.
     Cardozo, não. Contentava-se com a vulgaridade de ser um deputado federal vocacionado para estar sempre na sombra dos que mandavam, uma espécie de carregador de bagagens retóricas. Lembro sempre dele, no auge das discussões e denúncias sobre o Mensalão do Governo Lula, dando as entrevistas mais vazias e diversionistas, fingindo - com caras e bocas - estar indignado com o envolvimento de partidários no maior escândalo da história republicana, mas professando, com palavras, sua solidariedade aos assaltantes dos cofres públicos.
     Não por acaso, o defensor dos bandoleiros tornou-se, justamente, ministro da Justiça, tendo, teoricamente, a Polícia Federal nas mãos. Não contava com a relativa independência dos seus 'subordinados', o que acarretou sérios dissabores. Em alguns casos - como o do escândalo da 'venda de prestígio' envolvendo a então chefe do gabinete da Presidência das República em São Paulo, Rosemary Nóvoa, que mantinha com o ex-presidente Lula relações que extrapolavam as normais entre chefe e funcionária, pagas com o nosso dinheiro - sequer foi informado das diligências policiais.
     Hoje, o ministro é personagem de mais uma trapalhada. Depois de tanto escarcéu com relação às tais espionagens realizadas no Brasil pelos Estados Unidos, foi obrigado a confessar que nós - embora trêfegos bananeiros - também arriscamos nossos olhares indiscretos sobre os segredos alheios. No caso, sobre Irã, Rússia e Iraque, três dos grande aliados da lastimável diplomacia brasileira.
     Ora. Se nós espionamos parceiros de fé, irmãos camaradas, não poderíamos, jamais, contestar que outros lançassem seus olhos sobre nós, como fizemos, com tanta indignação . Na verdade, espionar não chega a ser o problema. Todo mundo espiona todo mundo, sabe-se disso. A questão está em ser descoberto. E, nesse quesito, fomos tão incompetentes quanto nossos 'irmãos do Norte'. Mais uma para a conta do Cardozo.

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