sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A arte da desfaçatez

     Ao ler, na Veja, que a presidente Dilma Rousseff criticou a recomendação do Tribunal de Contas da União para que fossem paralisadas diversas obras do tal do PAC, não resisti a parodiar Ataulfo Alves: a desfaçatez dessa gente é uma arte. Literalmente, nossa governante disse o seguinte: "Você pode usar vários métodos, mas paralisar obra é algo extremamente perigoso".
     É impressionante que alguém, ocupando o posto que ela ocupa, tenha a coragem de usar esse tipo de estupidez retórica. Perigoso para quem, presidente? Para o Brasil certamente não é. Perigoso é deixar que mais dinheiro público seja roubado, como vem acontecendo rotineiramente nos últimos quase onze anos, a partir do lastimável episódio do Mensalão do Governo Lula, passando por cuequeiros, aloprados e ministros de todas as espécies, como no primeiro ano do mandato da atual dirigente máxima do país.
     Aliás, esse tal Programa de Aceleração do Crescimento, uma invenção marqueteira que nada mais é do que a junção das obras obrigatórias de todo governo, vem se caracterizando por escândalos. O mais recente (em repercussão!!!) foi o que envolveu a construtora Delta, de Fernando Cavendish, ex-amigo do governador Sérgio Cabral e um dos queridinhos dos governantes, pela ajuda que distribuía a candidatos, certamente com o dinheiro de obras superfaturadas.
     A recomendação do TCU, na verdade, é um alento para a Nação. Mostra que ainda há esperanças, que o assalto institucional aos cofres públicos pode ser coibido. Ao contrário do que afirmou a presidente, não é "um absurdo paralisar obras do Brasil". Absurdo é favorecer quadrilhas que investem contra o patrimônio público.
     Não satisfeita com as afirmações lamentáveis que fez em entrevista a rádios gaúchas, a presidente Dilma não se acanhou quando assegurou que "de qualquer jeito essa obra vai ficar pronta", referindo-se à BR-448, cujas obras foram colocadas sob suspeição. E disse mais. Que é uma obra "emblemática" e que "não tem nada a ver com eleição".
     E nós estamos a um ano de reeleger esse personagem.

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