sábado, 31 de maio de 2014

Ameaça à dignidade nacional

     Não sei bem onde (talvez na revista Veja), mas li que o atual ministro da Justiça (???), José Eduardo Cardozo, é um dos postulantes a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, onde sentaria ao lado dos ministros Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, em especial. Não é ainda oficial. Eu diria que, na verdade, é uma espécie de ‘balão de ensaio’, um meio de sondar a receptividade, o repúdio e avaliar se vale a pena correr o risco de condenar nossa mais alta corte de Justiça à desmoralização completa, ao papel de serviçal do projeto de poder que se instalou no país há quase doze anos.
     Não tenho dúvidas, entretanto, que essa hipótese venha sendo cogitada, com carinho. Seria a certeza de que esse último bastião da legalidade estaria definitivamente cooptado, garantindo a complacência necessária à consolidação do já citado projeto de poder. Cardozo tem o perfil ideal para essa função. Jamais atuaria com a dignidade e a independência que Joaquim Barbosa demonstrou ao longo dos anos e que solidificou na presidência da Casa, contra as expectativas oficiais, que apostavam na sua ‘eterna gratidão’ pela indicação feita pelo ‘senhorzinho’ e ex-presidente Lula.
     O Executivo há algum tempo deixou de ser um poder voltado para a totalidade da população, consistente, formado por personalidades de qualificação inquestionável. Antes, é um enorme balcão de negócios, que se expandiu até alcançar o inacreditável número de 39 ministérios. Afinal, havia a necessidade de encaixar todas as correntes, siglas de aluguel e adesistas de toda a hora. E o que é melhor (para essa gente, é claro): às nossas expensas.
     O Legislativo ... O Mensalão do governo Lula e a citada multiplicação de cargos de primeiro escalão exibiram com clareza o que os atuais detentores do poder pensam sobre nosso Congresso. No Brasil dessa lastimável era, há um abominável balcão de compra e venda de apoios, uma troca exorbitante de interesses. Algo jamais visto em toda a nossa história republicana.

     O Supremo surge, nesse quadro, como a esperança que resta à dignidade nacional. Sua transformação em algo semelhante à Corte venezuelana, por exemplo, cortaria qualquer resquício de um destino de nação digna de respeito e credibilidade.

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