quinta-feira, 15 de maio de 2014

O preço de uma década de indignidades

     É evidente que vai haver Copa, apesar das afirmações em contrário de alguns grupos extremistas. Mas será uma Copa do medo, da tensão, da desconfiança. Por natureza, sou contrário a toda e qualquer manifestação que, de alguma forma, ultrapasse a barreira da civilidade, do respeito ao direito dos demais. Portanto, não seria por oportunismo - já que me encontro entre os adversários formais do grupo que detém o poder no país - que aplaudiria as demonstrações de vandalismo que, mais uma vez, envergonharam a Nação.
     Sou, insisto, radicalmente contrário ao uso do pontapé no lugar da palavra; da pedrada no espaço do argumento. Não de hoje, quando a estupidez me atinge, como fazem os governantes petistas e afins. Assim como condeno o mascarado que quebra vidraças de bancos e lanchonetes, repudiei, com vigor, os desajustados que infernizaram a administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em especial.
     Apontei, como inaceitáveis, as agressões físicas, sim!, aos empresários que participavam do processo de privatização de alguns setores da nossa economia. Não conseguiria me olhar no espelho se aplaudisse os que encurralam o atual governo , com atos arbitrários e inaceitáveis. Mesmo sendo um duro crítico dese período de trevas, o mais corrupto e medíocre de toda a nossa história.
     Sou obrigado, entretanto, a reconhecer que a culpa dos protestos, mesmo os menos civilizados, cabe inteiramente aos responsáveis por essa fase deplorável da da vida pública. Enquanto contava com a proteção da CUT, a principal central sindical, e de movimentos como o dos sem-terra e sem-teto, o governo petista pairava acima da revolta.
     Os que estavam sempre a postas para apedrejar, recolheram seus estilingues a partir da eleição de Lula, que conseguiu sobreviver ao Mensalão, o maior assalto institucional aos cofres e dignidade públicos, e dezenas de outros escândalos de menor porte, mas nem por isso menos danosos ao erário.
     Essa situação mudou a partir de junho do ano passado, quando o monopólio da insatisfação foi quebrado pela população. A partir da justa e pacífica revolta, o país nunca mais foi o mesmo.
     Desmoralizado pela sequência de atos desabonadores, o Governo perdeu o rumo e o controle da paz e da ordem. A impotência face a manifestações violentas (que eram estimuladas e protagonizadas por seus militantes num passado recente) somou-se ao peso dos incontáveis casos de roubalheira explícita, de desvio de verbas, aparelhamento do estado.
     O Brasil perdeu o rumo e está afundando. E os grandes responsáveis são exatamente os que estão no poder. A demagogia, a mentira, a desfaçatez, a politicagem barata, o assistencialismo deletério, o populismo asqueroso e a mais deplorável sequência de atos indignos estão cobrando seu preço. Justamente às vésperas da Copa que os marqueteiros de plantão apostavam que iria nos orgulhar.

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