quarta-feira, 21 de maio de 2014

À moda cubana

     Ao ler, na Veja, que o governo cubano bloqueou o acesso de seus cidadãos ao jornal digital lançado pela perseguida blogueira Yoani Sánchez, fico imaginando a inveja abissal que os irmãos Castro continuam provocando em seus admiradores brasileiros, venezuelanos e quetais. Lá, no paraíso caribenho, os burocratas (na pior acepção da palavra) decidem o que cada um pode ler, saber, ouvir, comprar, vender.
     Na ilha de Cuba do jornal oficial Granma, usado pela população para fins bem pragmáticos (assim como na Venezuela, não há papel higiênico disponível), certamente escândalos como os que vêm marcando inapelavelmente os onze anos e cinco meses do esquema de poder brasileiro jamais seriam divulgados. Algo muito semelhante ao que acontece em outros recantos ideologicamente assemelhados, como a Coreia do Norte e o Irã, para ficarmos apenas em dois exemplos emblemáticos.
     Essa possibilidade - de manipular fatos de forma ainda mais contundente - explica a voracidade com que o PT e seus satélites defendem o que chamam de "controle social da mídia", uma vigarice retórica usada para fugir da conceito real, a censura. Não por acaso, sempre que surge uma oportunidade, o ex-presidente Lula desfia seu ódio contra a imprensa em geral. É um meio de tentar desacreditar os que ousam noticiar indignidades oficiais.
     Assim como lidam mal com a liberdade de imprensa, os atuais detentores do poder vivem em conflito com grupos ou categorias profissionais que vêm agindo à margem do controle oficial exercido pela CUT e MST, braços sindical e de conflito do PT. Tenho observado aqui, ao longo do último ano, principalmente, a enorme dificuldade oficial de agir contra arruaceiros que se aproveitam de reivindicações relativamente justas.
     Encurralados, governos petistas (federal, estaduais e municipais) tentam transferir responsabilidades, criar factoides. Afinal, como se justificariam, ao combater métodos que eles próprios alimentaram e desenvolveram quando buscavam o poder, e que ainda empregam, em regiões não controladas por seus quadros? E esse certamente é outro motivo de inveja: em Cuba e na Coreia do Norte não há protestos, passeatas. 

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