As comemorações oficiais (contidas, ou não) pela
aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa do Supremo Tribunal Federal são o
retrato mais acabado dessa fase degradante da vida nacional. Petistas e
assemelhados festejam, na verdade, a possibilidade de escaparem ilesos de
prováveis novos julgamentos por suas recorrentes investidas contra os cofres e
a dignidade públicos.
Com Joaquim Barbosa no STF – não necessariamente
na presidência -, essa gente sabe que haveria, sempre, uma palavra independente e
de enorme peso político-institucional no caminho. Poucos homens públicos contam,
hoje, no país, com a respeitabilidade emanada pelo ministro, com sua
identificação com a parcela digna da sociedade.
As reações de mensaleiros, de correligionários
e de alguns ‘advogados’, em especial, mostram bem a que ponto de vileza pode
chegar o ser humano. Ao festejarem a aposentadoria precoce de Barbosa, motivada
oficialmente pelo acúmulo de problemas físicos, esses grupos de desajustados estão,
de fato, contribuindo para o rebaixamento moral do país.
Já não falo, sequer, das ameaças à vida e das
agressões menos canalhas direcionadas ao ministro. Presumo que esse tipo de
comportamento deletério não seja compartilhado por todos os que, de alguma
forma, formem ao lado do esquema de poder em vigor. Lamento, no entanto, que
não tenha lido ou escutado qualquer manifestação oficial de repúdio a essa
escumalha corrupta e racista.
Também não posso deixar de registrar e de
lamentar o que nos espera num futuro bem imediato: dois dos mais importantes
fóruns de defesa da constitucionalidade estarão nas mãos de dois ministros com
um recente e preocupante desempenho. O Tribunal Superior Eleitoral,
determinante nesse momento, já está sob a presidência do ministro Dias Toffoli.
O STF ficará sob o comando do também ministro Ricardo Lewandowski.
Ambos, como recordamos, se notabilizaram,
durante o julgamento do grupo (não podemos mais falar em quadrilha) de
corruptos que faziam parte do governo Lula, pela defesa intransigente dos
acusados, em especial dos que faziam parte do esquema político. Seria absolutamente
lastimável e perigo para o país que eles ignorassem a liturgia dos cargos.
Mais do que a já enorme perda de Joaquim Barbosa,
está em jogo a defesa da própria nacionalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário