terça-feira, 10 de março de 2015

Impeachment será uma consequência

     Mais uma vez, não por acaso, estou mais identificado com a linha de raciocínio postulada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, especialmente quando ele defende que o impeachment da presidente Dilma não deve ser o objetivo primordial das manifestações de repúdio a esse momento tão lastimável da vida nacional. A questão é mais ampla e remete a um processo sério e decente de reforma das instituições, maior transparência no trato com a coisa pública e a pelo repúdio implacável aos esquemas de corrupção favorecidos por um modo de governar ultrapassado e que ameaça a democracia.
     O Governo e seus pares precisam saber, de maneira clara, que a sociedade não aceita mais esse modelo, montado sobre o tripé da demagogia, do populismo e da truculência, característico de países que flertam com o atraso, com a dominação da população através de benesses, e não de estímulos ao desenvolvimento, da afirmação.
     Os recorrentes escândalos que vêm marcando a vida nacional nos últimos doze anos, principalmente, são o fruto dessa árvore maldita, que germinou num campo fértil, adubado por discursos fora do tempo, que exploram a simplicidade da maior parte da população e estimulam uma deletéria divisão na sociedade, algo como “nós e eles”, como se fôssemos duas nações inimigas. Esse tipo de artifício retórico, além de injusto na forma, é vagabundo na essência.
     O impeachment, caso venha a ocorrer, deve ser a consequência de todos os processos de depuração na vida pública que estão recomeçando agora, na apuração e julgamento dessa segunda e mais ‘elaborada’ etapa do Mensalão do Governo Lula. E não o objetivo primordial, resultado do ódio ou sentimentos assemelhados. A população, no entanto, tem todo o direito de expressar seu desencanto com os atuais mandatários, desde que de forma pacífica e ordeira, como vem ocorrendo, é bom destacar.
     Ir para as ruas livremente, de maneira disciplinada e atendendo aos preceitos legais, é um direito inalienável de todos.  As reações hidrófobas do Governo e seus seguidores em nada contribuem para a concertação nacional.




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