Mais uma vez, não por acaso, estou mais identificado com a
linha de raciocínio postulada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,
especialmente quando ele defende que o impeachment da presidente Dilma não deve
ser o objetivo primordial das manifestações de repúdio a esse momento tão
lastimável da vida nacional. A questão é mais ampla e remete a um processo
sério e decente de reforma das instituições, maior transparência no trato com a
coisa pública e a pelo repúdio implacável aos esquemas de corrupção favorecidos
por um modo de governar ultrapassado e que ameaça a democracia.
O Governo e seus pares precisam saber, de maneira clara,
que a sociedade não aceita mais esse modelo, montado sobre o tripé da demagogia,
do populismo e da truculência, característico de países que flertam com o
atraso, com a dominação da população através de benesses, e não de estímulos ao
desenvolvimento, da afirmação.
Os recorrentes escândalos que vêm marcando a vida nacional nos
últimos doze anos, principalmente, são o fruto dessa árvore maldita, que
germinou num campo fértil, adubado por discursos fora do tempo, que exploram a
simplicidade da maior parte da população e estimulam uma deletéria divisão na
sociedade, algo como “nós e eles”, como se fôssemos duas nações inimigas. Esse
tipo de artifício retórico, além de injusto na forma, é vagabundo na essência.
O impeachment, caso venha a ocorrer, deve ser a
consequência de todos os processos de depuração na vida pública que estão
recomeçando agora, na apuração e julgamento dessa segunda e mais ‘elaborada’ etapa do
Mensalão do Governo Lula. E não o objetivo primordial, resultado do ódio ou
sentimentos assemelhados. A população, no entanto, tem todo o direito de expressar
seu desencanto com os atuais mandatários, desde que de forma pacífica e ordeira,
como vem ocorrendo, é bom destacar.
Ir para as ruas livremente, de maneira disciplinada e
atendendo aos preceitos legais, é um direito inalienável de todos. As reações hidrófobas do Governo e seus
seguidores em nada contribuem para a concertação nacional.
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