quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Pela verdade

     Uma boa notícia, afinal, partindo de Brasília: a presidente Dilma Rousseff decidiu prorrogar a Comissão da Verdade até dezembro do ano que vem. Teremos - nós, o Brasil - chance de conhecer mais a fundo todas as mazelas de um período nefasto da vida brasileira, de preferência, de maneira ampla, geral e irrestrita, como foi - teoricamente - a anistia.
     Países sérios e democráticos têm o dever de proporcionar aos seus cidadãos o acesso completo à sua histórias, aos atos de seus personagens, sejam eles - atos e personagens - quais forem. É assim que se alicerça o respeito entre todos os - vá lá ... - atores sociais.
     Talvez sobre algum tempo e boa vontade para ampliar o balizamento e o raio da busca pela verdade. Eu, modestamente, tomo a liberdade de sugerir que recuemos no tempo, até a partir de 1937, por exemplo, quando se instituiu por aqui, com a ditadura Vargas, o período que seria conhecido como Estado Novo. Seria ótimo poder acompanhar mergulhos nos porões do arquipélago de Fernando de Noronha e da Ilha Grande, por exemplo.
     E como a verdade é algo que alimenta a alma, que tal chegarmos aos nossos dias? Eu, particularmente, ficaria sensibilizado ao saber toda a verdade sobre as acusações feitas recentemente pelo ex-secretário Nacional de Justiça, delegado Romeu Tuma Júnior (não é qualquer um: afinal, ele privou da confiança absoluta do grupo que domina o poder há onze anos).
     Acho fundamental para o país saber se o ex-presidente Lula foi, ou não, informante do Dops paulista, uma espécie de 'cabo Anselmo de macacão', como assegura Tuma em seu livro Assassinato de reputações. Assim como acredito que seria de interesse geral da Nação confirmar a atuação institucional dos últimos governos petistas na produção de dossiês falsos para atacar adversários políticos, também confirmada por ele.
     Há, ainda, outro caso que eu tenho convicção que deveria merecer os olhares de qualquer um que busque a verdade: o assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, do PT, ocorrido em 2002. Há algum tempo várias pessoas apresentam o crime com o uma queima de arquivo, pois o ex-prefeito estaria decidido a denunciar o esquema de extorsão exercido pelo Partido dos Trabalhadores sobre empresas de ônibus do interior paulista.
     Tuma Júnior confirma as suspeitas e lembra que o atual ministro Gilberto Carvalho estaria envolvido no caso, de alguma forma. Sobre ele, Carvalho, já pesam as acusações dos irmãos de Celso Daniel, que o apontam como o responsável pelo transporte do dinheiro, que seria entregue ao ex-ministro José Dirceu para uso em campanhas eleitorais, entre elas a que resultou na primeira eleição do ex-presidente Lula.
     São acusações sérias, seriíssimas, que merecem ser investigadas a fundo, especialmente por quem se propõe a alcançar a verdade. Principalmente porque até agora não foram desmentidas com o vigor que seria natural. O ex-presidente Lula, por exemplo, limitou-se a um "sem comentários" expelido por um assessor qualquer.
     Gilberto Carvalho e outros próceres petistas falaram em processar o denunciante, mas desistiram. Talvez quando souberam que ele, Tuma, afirmou que tinha material para mais um livro.

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