segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A estupidez anunciada

     Acredito que todos já tenham falado quase tudo sobre o episódio lamentável ocorrido no jogo entre o meu Vasco e o Atlético Paraense. Li, nas redes sociais, editoriais condenando a estupidez de alguns degenerados, desordeiros comuns a todas as torcidas. Infelizmente, muitos dos que clamam por punições drásticas são os mesmos que destilam ódios, rancores e preconceito nessas mesmas redes sociais.
     É evidente que não refiro às brincadeiras saudáveis, que sempre fizeram parte do futebol. Estou falando de sentimentos que se aproximam da boçalidade, como os que desfilam nesse campo sem regras.
     Sou do tempo em que havia rivalidade,sim, entre as torcidas em geral. Eu mesmo tinha um amigo, mais velho, que não perdoava as derrotas do Vasco, assim como eu não perdia a chance de ressaltar as derrotas do seu time, o Flamengo. Nada disso impedia, no entanto,que fôssemos ao Maracanã, juntos. Como o dinheiro era muito curto, tínhamos uma combinação, quando nossos times jogavam aos sábados e domingos: íamos na geral num dia e na arquibancada no outro.
     Nesse tempo, ressoavam no Maracanã, apenas, os toques da 'corneta' de talo de mamoeiro do velho Ramalho, do 'nosso' lado; e a charanga de Jaime, do lado 'deles'.
     Com o tempo, as rivalidades extrapolaram o razoável, exarcebadas - e sou enfático nessa afirmação! - especialmente pela imprensa esportiva, notadamente a de rádio, ávida por mais receitas. O que era saudável virou um tumor incontrolável. Não mais rivais, mas inimigos a serem destruídos, de qualquer forma.
     Esse 'cultura' do ódio impregnou as gerações mais novas, que exalam esses sentimentos até mesmo em segmentos nos quais seria impensável imaginar que pudessem prosperar.
     A violência, meus caros, é uma criação da ganância, alimentada pela estupidez de muitos formadores de opinião e espalhada, como um vírus, pela sociedade.

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