domingo, 15 de dezembro de 2013

Degradação moral

     O fato mais marcante da semana que terminou ontem, para mim, foi, sem dúvida, a demonstração clara e insofismável da degradação moral do PT e de seus principais dirigentes e astros. O apoio raivoso e indecoroso aos quadrilheiros condenados e presos pelo maior assalto institucional aos cofres públicos e à dignidade brasileiros - no episódio que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula - exibiu a face mais deplorável desse grupo que se instalou no poder há onze anos.
     Confiando na absoluta e lastimável falta de informação e de senso crítico da maior parte da população e na capacidade de manipulação da verdade que sempre caracterizou suas ações, o PT protagonizou uma das maiores afrontas à nacionalidade, ao desafiar formalmente um dos poderes constituídos, o Judiciário. Com um agravante: com as bênçãos da atual presidente da República, Dilma Rousseff, que não teve o decoro que se exige de alguém que ocupa seu cargo.
     Do ex-presidente Lula jamais esperei algo parecido com dignidade política. O mais medíocre e ignorante dirigente brasileiro de todos os tempos apenas repetiu um comportamento incorporado às suas características. Mentiu e distorceu verdades como sempre. Ao se solidarizar com os bandoleiros petistas presos e ainda soltos (José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares e João Paulo Cunha, respectivamente), na verdade, estava exercendo o processo de autodefesa.
     O gesto de erguer o punho, a exemplo do que fizeram alguns de seus companheiros, mostra bem o que pensa da democracia e das leis. Lula é isso, nunca foi diferente. No episódio do Mensalão, atordoado, chegou a culpar diretamente seus auxiliares diretos pelos danos. Sobrevivente, por pouco, da cassação que parecia inevitável, de quando em vez lança uma vaga afirmação de que "um dia" vai contar toda a verdade.
     Já deveria ter tido a decência de enfrentar esse desafio. Assim como já passou, e muito, da hora de dar explicações sobre seu relacionamento espúrio (pelo envolvimento de gastos públicos, não pelos aventuras da alcova, assunto da alçada de Dona Marisa Letícia) com a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa.
     Poderia ter a coragem, também, de refutar diretamente as gravíssimas imputações lançadas contra ele pelo delegado Romeu Tuma Júnior, ex-secretário Nacional de Polícia, que o acusa, entre outras coisas, de ter sido informante do Dops (uma espécie de 'Cabo Anselmo' de macacão) e de ter liderado uma fábrica de dossiês contra adversários políticos.
    
     Tão veementes no desafio ao STF e no desrespeito a seu presidente, ministro Joaquim Barbosa, os participantes do congresso petista da semana passada mantiveram um temeroso silêncio sobre as acusações de Tuma Júnior, que já anunciou ter histórias para mais um livro.
     Não é de se estranhar. Ou alguém esqueceu do obsequioso respeito que a companheirada devota ao publicitário mineiro Marcos Valério, o único condenado - de fato - a pagar pelos crimes cometidos sob a chefia de José Dirceu. E aqui vale a ressalva que faço sempre que posso: alguns fatos e informações descartados ao longo das investigações me fazem ter dúvidas quanto à identidade do verdadeiro chefe da roubalheira do Mensalão.

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