segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ética e Cardozo, nada a ver...

     O Estadão nos conta que a Comissão de Ética da Presidência da República decidiu pedir informações sobre a "atuação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, nas investigações sobre o cartel de trens em São Paulo". De imediato, eu diria que ética e a atual Era Lula, que completa onze anos, são absolutamente excludentes, polos opostos, antíteses.
     E quando um tema - seja ele qual for - resvala na área de atuação do atual chefe do Ministério da Justiça - talvez o mais medíocre de toda a nossa história republicana - esse distanciamento fica ainda mais evidente. Cardozo não está no lugar que ocupa pelos seus grandes dotes jurídicos, é evidente. Suas palavras e atos denunciam o cumprimento de uma missão partidária, vulgar, incompatível com a dignidade que se exige do cargo.
     À frente da Justiça, apenas dá continuidade à sua atuação tenebrosa durante todo o episódio do Mensalão do Governo Lula, quando era deputado federal e constantemente conseguia um meio de aparecer para desmerecer as acusações, sempre com um semblante estudadamente grave, com o qual pretendia transparecer indignação com o assalto aos cofres e dignidade públicos.
     Na verdade - e as gravações estão aí para quem não lembra ou não viu -, todas as suas intervenções, como elemento indicado para se contrapor às acusações, se orientavam para o desmerecimento dos fatos. Era, à época, o arauto dos quadrilheiros agora condenados e presos. É, hoje, o artífice dos golpes que tentam reduzir o impacto das condenações.
     Não por acaso, foi o autor da lastimável constatação de que nossos presídios não ofereciam condições mínimas de dignidade para os presos, às vésperas de seus companheiros engrossarem a relação de condenados. Até então, os governos aos quais prestou e presta vassalagem jamais haviam se preocupado com as condições indignas dos presídios. Em onze anos, pouco ou quase nada fizeram. Mas a culpa, é claro!, era dos neoliberais que governaram antes.
     Cardozo é tão lastimável que, com sua atuação desastrada, compromete, até mesmo, a apuração de mais esse escândalo na vida nacional, que tem como protagonistas uma grande empresa e - ao que tudo indica - alguns políticos. As digitais petistas nos dossiês e acusações remetem inexoravelmente à atuação dos tais 'aloprados', que fabricaram acusações falsas para desestabilizar adversários políticos do PT.
     Até mesmo quando poderia prestar um bom serviço ao País, caso fosse comprovada a participação de políticos de vários partidos (entre eles o PSDB e o DEM) em falcatruas, Cardozo e esse governo deletério contribuem com o descrédito das instituições.

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