quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O começo da tempestade

     A jornalista Miriam Leitão, hoje, em O Globo, define, em uma frase o desfecho dessa primeira fase da devastação produzida pelo Governo e seus aliados na Petrobras. Graça Foster sai da empresa, punida, por ter sido minimamente coerente, ao divulgar a estimativa do rombo nas contas da nossa empresa mais importante (cerca de inimagináveis R$ 88 bilhões). Não sai (pediu ‘demissão’, oficialmente) por ter alguma parcela de culpa (omissão, no mínimo) no esquema de assalto que irrigou o PT e seus asseclas, incluindo partidos da ‘base’, campanhas companheiras e bolsos ávidos. Sai por ter exposto uma parte do desastre causado pelo aparelhamento da estatal.
     Essa é a lógica desgraçada da quadrilha que se instalou no país há doze anos. Não há problema algum em desviar dinheiro público (José Dirceu e comparsas continuam sendo aclamados), em produzir dossiês falsos contra adversários; em ter assessores flagrados com dólares escondidos na cueca; em usar o poder para se locupletar. Nada disso é relevante, e o ‘novo’ ministério da presidente Dilma Rousseff é a prova mais cabal dessa realidade.
     Nessa quadra infeliz da nossa história, o grande pecado, capital, é desafiar, de algum modo, os chefes. Foi assim com o ex-presidente Lula, o mais medíocre, mentiroso e incapaz de todos os tempos. É assim com Dilma Rousseff, sua digna sucessora. Se o primeiro dirigia o país como se ainda estivesse cantando as “viuvinhas” de metalúrgicos, no tempo em que dirigia o sindicato da classe, Dilma Rousseff exibe truculência e despreparo semelhantes.
     Graça Foster sai – como destacou Miriam Leitão – pela virtude demonstrada, ao reconhecer a tragédia dos números quase oficiais da Petrobras. Irritou a rainha, dada a acessos de estupidez que – é inacreditável! – provocam pavor até em ministros (alguns já choraram, após saraivada de berros e impropérios). Assim como Lula, nossa presidente acredita que inventou o Brasil – ou reinventou, pelo menos.  

     Seu futuro, no entanto, é tão obscuro quanto as contas da Petrobras. A tempestade provocada pelo escândalo da Petrobras ainda está se formando. Os próximos meses darão a dimensão exata do desvario do esquema governista na sua busca pela perpetuação no poder, com a divulgação das acusações contra agentes políticos. O fim pode estar começando.

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