A América do
Sul não vive um momento tão lastimável quanto o atual há pelo menos três
décadas. Com a derrota dos governos militares e com a consequente
redemocratização do continente, houve uma aragem de esperança. Seria possível,
sim – imaginávamos à época -, reconduzir nossos países ao caminho da dignidade,
do respeito à liberdade, à democracia, no que ela tem de mais consistente.
Os últimos
dez anos transformaram essa expectativa em uma profunda desilusão. Talvez não
tenha havido, em toda a nossa história sul-americana, uma coincidência tão
nefasta quanto a atual, quando os principais governantes flertam com a
devassidão, com atos impensáveis, movidos pela busca do poder absoluto e inesgotável.
O caso brasileiro
é emblemático. O domínio do populismo obscurantista e venal petista, aliado à uma
aristocracia corrupta e corruptora, nos atirou num poço sem fundo, num mergulho
para a mediocridade, em um lodaçal que ameaça a estabilidade do País. É
inacreditável como um grupo que se dizia iluminado conseguiu, em tão pouco tempo,
devastar uma nação, rasgar seus princípios, comprometer um processo de
afirmação no cenário mundial.
O Brasil é,
hoje, sinônimo de indignidades, de descompromisso com a moral, algo mais do que
ser ‘apenas’ um anão diplomático. Além de aliar-se ao que há de mais deplorável
no mundo, exportamos falcatruas, expertise em dilapidação do patrimônio
público. Nossa maior empresa foi destroçada pela cupidez de um grupo deletério,
empenhado no projeto de eternização no comando, para mais bem se aproveitar da
situação. E, ao que sugerem novas evidências, o assalto institucional à
Petrobras é apenas uma parte - a
segunda, se considerarmos o Mensalão - do grande esquema patrocinado pelo partido
oficial e seus asseclas.
Não há
limites no horizonte da devassidão que se advinha nas ‘tenebrosas transações’
que envolveriam, também, bilionários financiamentos a empresas e empresários
amigos, que teriam retribuído generosamente essa deferência. Há muitos anos,
dizia-se que não há almoço ou jantar grátis. Hoje, no Brasil do PT, pode-se
afirmar que não há financiamento, contrato, ajuste ou lá o que seja que não
esteja envolto pelos tais “segredos sombrios” citados pelo juiz Sérgio Moro,
responsável pelas investigações que desaguaram na ‘Operação Lava-Jato’.
Algo
semelhante, embora com características próprias, ocorre nos nossos maiores
parceiros, Argentina e Venezuela. A Argentina, vitimada por essa absurda Era
Kirchner, está muito perto de soçobrar, vítima de desmandos inimagináveis, que
podem ter culminado com o assassinato do promotor Alberto Nisman, às vésperas
de ele apresentar denúncia contra a presidente Cristina, por acobertamento dos
responsáveis por um ato terrorista que matou 85 pessoas, em 1995, em conluio
com o governo iraniano.
Esse fato,
entretanto, é apenas mais um na extensa lista de desmandos produzidos ao longo
dos últimos anos e que levaram a Argentina à falência. Por trás desse quadro
lastimável, a mesma essência que vitima o Brasil: o populismo mais vagabundo, a
demagogia, a exploração vigarista de uma ‘luta de classes’ que interessa apenas
aos poderosos e aos que vegetam no seu entorno, enriquecendo.
A ainda mais
sofrida Venezuela é a síntese dos males que afligem Brasil e Argentina,
agravada pela extrema boçalidade de um governante energúmeno, capaz de executar
seus próprios compatriotas, pelo simples fato de contestarem seu poder. Nicolás
Maduro é a encarnação da estupidez, da mais estapafúrdia ignorância, do
destempero, da negação dos valores mais caros à civilização. É o produto fiel
de uma era de trevas, iniciada por seu guru e mestre o ainda insepulto coronel
Hugo Chávez, um personagem caricatural, ridículo, protagonista de uma opereta
bufa e golpista que levou o país às margens do despenhadeiro em que se
encontra.
Os três –
Brasil, Argentina e Venezuela – são o retrato mais lastimável de uma opção pela
mentira, pela insanidade, pelo desvirtuamento da história. E caminham unidos pelo estelionato ideológico que seus governantes praticam.
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