quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Um abraço de afogados

     Três personagens, em especial, representam bem o abismo político, ideológico e institucional no qual afundou essa já tão sofrida América do Sul. Não há continente, por mais vigoroso que possa parecer, que suporte a presença, ao mesmo tempo, no mais alto posto de suas nações, de presidentes tão medíocres, arbitrários e envolvidos em ‘trapalhadas’ institucionais como a brasileira Dilma Rousseff, a argentina Cristina Kirchner e o venezuelano Nicolás Maduro. Com um agravante: os três substituem outros dirigentes lastimáveis, com ligeiro destaque – no quesito ignorância e desfaçatez - para Lula e Hugo Chávez.
     Correndo ‘por fora’ nessa lista de estelionatários políticos, surgem o equatoriano Rafael Correa e o boliviano Evo Morales, outros dois exemplos de inimigos ferrenhos das liberdades, defensores da censura, demagogos e populistas. Já o Chile emerge dessa seleção dos horrores, com a discreta e eficiente Michelle Bachelet, a prova mais evidente que é possível, sim, ser ‘socialista’ no século 21, sem mergulhar nesse lamaçal supostamente ideológico que marca nosso continente.
     Não por acaso, Brasil, Argentina e Venezuela vivem momentos do mais completo desvario, com crises institucionais que podem levar à destituição de seus presidentes. A recente morte do promotor argentino Alberto Nisman colocou o governo irremediavelmente contra a parede. Atormentada por graves acusações de corrupção, que remetem ainda ao tempo de seu marido, o ex-presidente Nestor Kirchner, Cristina tenta desesperadamente sobreviver politicamente. Ainda resiste graças ao resultado do trabalho de aparelhamento da Justiça, exercido ao longo dos anos sob a dinastia familiar.
     A Venezuela, pela gravidade da situação geral do país, mergulhado em uma crise infindável, parece caminhar para uma encruzilhada eventualmente sangrenta. Falido, o governo já não dispõe dos recursos para financiar seus desatinos. Maduro, que sobrevive graças ao ‘carisma’ do ainda insepulto Hugo Chávez, chegou ao limite. Além das sandices pessoais (diz ter contatos ‘espirituais’ com seu guru), entrou em choque direto com os setores ainda razoavelmente produtivos do país e conferiu às forças de segurança o direito de matar seus oponentes, caso se manifestem publicamente. Está moribundo.
     Dilma Rousseff sobrevive, apesar do tamanho do assalto aos cofres públicos. Graças a medidas tomadas há duas décadas, o Brasil resiste à estupidez e à ganância dos que ocupam o poder. Os desdobramentos da já famosa Operação Lava-Jato, no entanto, tendem a criar graves obstáculos a esse seu segundo mandato, que não consegue começar. O cerco em torno do governo e do seu partido oficial, o PT, está cada vez mais apertado.
     Confirmado – como parece ser inevitável – o grande roubo dos recursos da Petrobras (por enquanto, ainda há o BNDES para ser vasculhado ...) em benefício do PT e de seus asseclas, a situação da presidente ficará insustentável. Nossa Justiça, apesar de marcada por momentos (como os recentes aumentos de salários e mordomias) e personagens (os presidentes do STF e TSE, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, respectivamente, por exemplo) lastimáveis, preserva, ainda, uma essência libertária, independente.
     E uma Justiça independente - apoiada por uma imprensa livre - é a maior ameaça a governantes corruptos e/ou coniventes com a corrupção.






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