sábado, 27 de setembro de 2014

O peso da devassidão

     Há algumas palavras que deveriam ser banidas do vocabulário governamental, dos discursos petistas e afins. Dignidade, respeito, justiça e, em especial, corrupção, derivada direta da ausência padrões éticos e morais na condução do país. Jamais, em toda a nossa história republicana, passamos por uma quadra tão devastadora quanto essa que está prestes a completar doze anos.
     A descoberta do esquema espúrio de compra e venda de apoio que ficou conhecido como Mensalão apenas levantou, de leve, a cortina que cobria e ainda cobre o maior e mais profundo projeto de assalto do poder financiado com recursos roubados da Nação, direta (como nos casos da Petrobras e do uso do Banco do Brasil) e indiretamente, mediante cobrança de propinas de empresas particulares.
     Comparado à devassidão que começa a ser investigada atualmente, o esquema manipulado pela quadrilha julgada e condenada pelo Supremo Tribunal Federal surge como algo semelhante ao que costumamos designar de assalto a galinheiro. Não mais do que algo em torno de 150 míseros milhões de reais. Um roubo tão vagabundo que destinou ao então presidente da Câmara, o petista paulista João Paulo Cunha, R$ 50 mil, retirados diretamente do caixa pela mulher do ex-deputado federal.
     Pode-se argumentar que o antigo dirigente do PT se vendeu por pouco, é verdade. Mas quando ficamos sabendo que só um ex-diretor da Petrobras amealhou R$ 23 milhões em propina, somos obrigados a concluir que a quadrilha atuante hoje em dia está bem mais sofisticada e ... gananciosa.
     Apesar de todos os escândalos, entretanto, nossa ainda presidente se acha no direito de se insurgir contra os jornais e revistas que divulgam as bandalheiras, explorando um velho e surrado estratagema de passar por vítima, de culpar a oposição e as elites, como se não soubesse que todas – todas, mesmo!!! – as acusações partiram de dentro, do intestino de seu desgoverno.
     Paulo Roberto Costa, para ficarmos apenas no exemplo mais recente, foi colocado na direção da Petrobras durante o período Lula, com seu beneplácito, já que ocupou o ministério de Minas e Energia e a presidência do Conselho da empresa. No Mensalão, a podridão foi espalhada por um comensal do Planalto, o ex-deputado Roberto Jefferson.
     Quando não denunciam, foram e/ou são os aliados e partícipes do Governo que protagonizaram e/ou encabeçam atos indignos, como nos casos da descoberta de dólares na cueca de um assessor petista; da compra de dossiês falsos sobre adversários políticos; da escandalosa relação do ex-presidente com a chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo; e outros de menor impacto.

     E estou me limitando a delitos formais, incursos no Código Penal. O mal que vem sendo feito ao País vai além desse assalto mirabolante aos cofres públicos. A aliança com criminosos internacionais, ditadores e aprendizes talvez tenha o mesmo peso nesse processo que cada vez mais nos apequena frente ao mundo digno.

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