sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Um sindicato desprezível

     O aparelhamento político-ideológico-partidário de todas as instâncias da vida nacional assumiu, nos últimos doze anos, patamares insuspeitos, inacreditáveis. Na esfera pública, os 39 ministérios dessa era nefasta, medíocre e degradante dão a mostra exata da venialidade que corrói o país, loteado entre verdadeiras quadrilhas. O sucateamento da Petrobras, envolvida em patifarias de todos os níveis, é assustador.
     Mas a ganância não para por aí. Os sindicatos, em geral, os ligados à CUT em particular, transformaram-se em verdadeiras trincheiras do obscurantismo, do engajamento mais lastimável em atos que em nada acrescentam às categorias que, em tese, deveriam representar. Meia dúzia de desajustados paralisam cidades, fecham escolas, dilapidam patrimônios.
     Esse comportamento esquizofrênico, lamentavelmente, contaminou de maneira avassaladora um dos bastiões históricos da democracia, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro, sequestrado – como bem definiu um dos mais respeitados repórteres em atividade no país – por um grupo de militantes da desordem, com vínculos indesmentíveis com partidos políticos do que se convencionou chamar de ‘esquerda’, sinônimo - nesse Brasil de mensaleiros - de atraso, populismo barato, anarquia.
     Há uma crise de identidade envolvendo profissionais do jornalismo. Crise que deflagrou um inédito (pela dimensão e adesões) movimento destinado a encontrar meios legais de afastar da direção sindical um grupo que, de fato, não representa a categoria. Um grupo que se aliou a desordeiros, responsáveis por agressões e pela morte de um cinegrafista.
     Ao invés de se colocar claramente em defesa da classe, agredida por policiais, é verdade, e vilipendiada por vagabundos encapuzados, nosso sindicato (eu ainda me sinto sindicalizado, embora tenha pedido meu desligamento por não concordar com os rumos da entidade) deu as mãos aos desajustados, fechou os olhos para as evidências, colocou o projeto ‘ideológico’ à frente dos interesses dos que deveria representar.

     Merece o desprezo dos honrados.

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