Com absoluta razão, a Justiça Eleitoral cassou o registro da
candidatura do ex-governador José Roberto Arruda (PR-DF), flagrado em atos
indignos quando ocupava o posto para o qual pretende voltar. Corruptos e afins
não poderiam ter espaço especialmente na vida pública. E o resultado da última
pesquisa sobre intenção de votos dos brasilienses é uma demonstração cabal do
cuidado que as instituições devem ter, ao abrigar eventuais postulantes a
cargos públicos.
Mesmo ‘cassado’, Arruda lidera com folgas a corrida pelo
governo, com quase o dobro do apoio ao atual governador, o petista Agnelo
Queiroz, que seria o maior beneficiado com a desqualificação do seu oponente, mesmo
estando envolvido em escândalos inacreditáveis e tão deploráveis quanto os do
candidato do PR. Agnelo, no entanto, não está enquadrado nos óbices da chamada
Lei da Ficha Limpa. Em síntese: corrupto condenado não pode ser candidato, mas
o que ainda não sofreu as penalidades legais pode.
Fato semelhante (sucesso de um envolvido em 'malfeito') ocorre em Minas Gerais, onde o ex-prefeito
de Belo Horizonte e ex-ministro do Governo Dilma, o petista Fernando Pimentel,
lidera a disputa pelo governo. Pimentel foi denunciado por receber uma fortuna
de empresários por palestras que jamais proferiu, coincidentemente logo depois
de ter deixado a prefeitura e pouco antes de assumir a chefia da candidatura da
atual presidente.
Como o caso não passou da condenação das manchetes, o novo
milionário petista (recebeu cerca de R$ 2 milhões para ficar de boca fechada!),
já ministro, desapareceu do noticiário por um ano. Não deu entrevistas e evitou
solenidades públicas, assim como faz seu líder, o ex-presidente Lula. O assunto
foi superado nas primeiras páginas e ele pôde, então, lançar-se candidato, sem riscos
de ser alcançado pela Justiça. É um exemplo de ‘ficha limpa’ apesar da
imundície na qual esteve envolvido.
Não chega a surpreender. O ex-presidente Lula, envolvido
diretamente no maior escândalo da história republicana (o Mensalão), conseguiu
não apenas se reeleger, mas emplacar outra nulidade na Presidência e continuar
mandando no destino do país.
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