sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Ficha limpa, moral imunda

     Com absoluta razão, a Justiça Eleitoral cassou o registro da candidatura do ex-governador José Roberto Arruda (PR-DF), flagrado em atos indignos quando ocupava o posto para o qual pretende voltar. Corruptos e afins não poderiam ter espaço especialmente na vida pública. E o resultado da última pesquisa sobre intenção de votos dos brasilienses é uma demonstração cabal do cuidado que as instituições devem ter, ao abrigar eventuais postulantes a cargos públicos.
     Mesmo ‘cassado’, Arruda lidera com folgas a corrida pelo governo, com quase o dobro do apoio ao atual governador, o petista Agnelo Queiroz, que seria o maior beneficiado com a desqualificação do seu oponente, mesmo estando envolvido em escândalos inacreditáveis e tão deploráveis quanto os do candidato do PR. Agnelo, no entanto, não está enquadrado nos óbices da chamada Lei da Ficha Limpa. Em síntese: corrupto condenado não pode ser candidato, mas o que ainda não sofreu as penalidades legais pode.
     Fato semelhante (sucesso de um envolvido em 'malfeito') ocorre em Minas Gerais, onde o ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-ministro do Governo Dilma, o petista Fernando Pimentel, lidera a disputa pelo governo. Pimentel foi denunciado por receber uma fortuna de empresários por palestras que jamais proferiu, coincidentemente logo depois de ter deixado a prefeitura e pouco antes de assumir a chefia da candidatura da atual presidente.
     Como o caso não passou da condenação das manchetes, o novo milionário petista (recebeu cerca de R$ 2 milhões para ficar de boca fechada!), já ministro, desapareceu do noticiário por um ano. Não deu entrevistas e evitou solenidades públicas, assim como faz seu líder, o ex-presidente Lula. O assunto foi superado nas primeiras páginas e ele pôde, então, lançar-se candidato, sem riscos de ser alcançado pela Justiça. É um exemplo de ‘ficha limpa’ apesar da imundície na qual esteve envolvido.

     Não chega a surpreender. O ex-presidente Lula, envolvido diretamente no maior escândalo da história republicana (o Mensalão), conseguiu não apenas se reeleger, mas emplacar outra nulidade na Presidência e continuar mandando no destino do país. 

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