sábado, 23 de agosto de 2014

Mortes ignoradas

     "GAZA — Um dia depois da morte de três comandantes do Hamas pelas forças israelenses, militantes do grupo fundamentalista islâmico executaram nesta sexta-feira 18 palestinos suspeitos de colaborar com Israel. Entre as vítimas, 11 foram mortos em um posto policial abandonado no território palestino. Outros sete morreram em uma execução em Gaza, informaram testemunhas e um site do Hamas."

     A notícia é de O Globo, complementada, em outro texto, pela divulgação de que mais uma criança israelense morreu ao ser atingida por um foguete lançado de Gaza (um entre as dezenas que são disparados todos os dias, com ou sem guerra, ano após ano). As fotos, bestiais, estão à disposição de quem quiser ver. Não são tão chocantes quanto as cenas de decapitação de 'infiéis' por muçulmanos radicais, é verdade, mas merecem repúdio.
     Até agora, nossos Governo e assemelhados não demonstraram qualquer indignação. Para uma parcela bem ativa, só as mortes de palestinos são dignas de lamentação; só os foguetes israelenses provocam destruição. Não interessa, para essa gente, que o Hamas e outros grupos terroristas que vicejam na região preguem a destruição de Israel, em especial, e a de todos os não-muçulmanos em geral. Ignoram as bestialidades cometidas sistematicamente, de maneira maniqueísta.
     É uma postura normal nisso que se convenciona chamar de 'pensamento de esquerda' e que nada mais é do que um amontoado de frases e conceitos que não se sustentam quando confrontados com os fatos. Ao longo do tempo, a visão social dos problemas da humanidade, fundamental e exercida no campo liberal, foi sendo deturpada pela adoção de ações extremadas, fascistas.
     Os fins - sejam eles quais forem - justificariam os meios empregados. Os ditadores de Cuba, por exemplo, jamais foram contestados por atirarem homossexuais ao mar. Os apedrejamentos de mulheres acusadas de traição passam longe da indignação companheira.

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