terça-feira, 7 de abril de 2015

Uma cartola esfarrapada

     O modelito vermelho-PT foi retumbantemente abandonado. Nossa presidente renovou compulsoriamente o guarda-roupas. Ela e seus marqueteiros sempre de plantão sabem que Dilma Rousseff precisa desesperadamente se afastar da imagem que colou definitivamente no seu partido e nos asseclas. PT, hoje, para a imensa maioria do povo brasileiro, rima com roubalheira. A paciência e a tolerância terminaram, afogadas no lamaçal que surgiu em torno da Petrobras.
     Mudou a indumentária, mas a vigarice retórica continua a mesma, talvez um pouco inflada, em função da necessidade premente de reverter o quadro que está inviabilizando o governo e abrindo espaços para o impedimento da presidente e para o fim do PT como partido.
     A estratégia atual é tentar sacar coelhos de uma cartola de mágicas, como se ela, a cartola, ainda estivesse intacta, e não esfarrapada, como está. A presidente, tão refratária a aparições, virou figurinha fácil na tal mídia que ela e seus companheiros lutam para subjugar. Todos os dias há uma solenidade qualquer, algum projeto requentado, uma fantasia destinada a engabelar a distinta plateia.
     A marquetagem, no entanto, parece não estar dando certo, ao contrário de ocasiões passadas. A quebra de todas as promessas e afirmações feitas na campanha eleitoral e a divulgação da roubalheira na Petrobras devastaram o capital de apoio ao governo. A presidente está desmilinguindo, refém de suas próprias limitações e incoerências. Seu fiador e criador, o ex-presidente Lula, entrou num processo de desgaste que tende a ser irreversível.
     Foi-se o tempo em que Lula mentia, desmentia e voltava a mentir impunemente, como aconteceu no Mensalão. É evidente que ele ainda é um protagonista de peso na lastimável política brasileira – por lastimável que ela é. Mas o seu desaparecimento estratégico do noticiário é um indicador bem forte do esvaziamento de seu prestígio junto às classes menos favorecidas e informadas. Suas bazófias – como convocar o exército do MST – não impressionam mais. Apenas ampliam a dimensão de seu desespero, expõem o seu ridículo.
     Ontem, a presidente afirmou que luta para salvar a Petrobras, fingindo não saber que a empresa foi arrasada por ela e seu grupo. Hoje, volta à carga, pregando decência nas redes sociais, corrompidas pelos militantes profissionais, a maioria paga com nosso dinheiro.
     Se ainda houvesse alguma dúvida quanto ao pavor que tomou conta do Planalto, essas duas aparições seriam suficientes para demonstrá-lo.




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