domingo, 19 de abril de 2015

Quando o crime 'compensa'

     Assistindo a um dos raros programas realmente interessantes da tevê (aberta ou fechada, tanto faz ...), com exceção das séries, me descobri concordando com um dos debatedores, o que é raro. Eu sei que sou extremamente crítico e tendo a discordar de quase tudo e todos, a princípio. Segundo ele – não lembro o nome, infelizmente -  por mais esdrúxula que seja, a explicação para o fato de esse lastimável governo ainda não ter acabado (o adjetivo é meu) está, justamente, na avalanche de escândalos. É isso mesmo: Dilma Rousseff ainda é presidente porque seu Governo é um dos mais desastrosos e envolvidos em corrupção e descalabros de toda a história brasileira.
     Essa lógica, que poderia ser considerada tortuosa, tem sua razão de ser.  Ao contrário do que aconteceu no Mensalão – um assalto específico aos cofres públicos que foi quase totalmente destrinchado pela Polícia Federal e pela Justiça -, não há, hoje, ‘apenas’ um caso tenebroso sendo avaliado pela Justiça. Muito pelo contrário. São diversos casos de pura devassidão, atravessando os mais diversos escalões desse aparato petista que está à frente da Nação.
     A roubalheira na Petrobras é tão-somente uma ramificação de uma gigantesca teia de assaltos, desvios de dinheiro público, contratos irregulares, corrupção. O Estado brasileiro capitaneado pelo Partido dos Trabalhadores está se mostrando essencialmente depravado. E essa depravação generalizada dificulta a absorção pela população, que não tem tempo de racionalizar uma bandalheira específica, pois há sempre outra atropelando a anterior.
     É evidente que, em algum momento, o cerco estará fechado sobre determinadas pilantragens, as mais evidentes, pelo menos. E, aí, nesse momento, o governo cairá de podre. A única chance de sobrevivência está no incremento da estroinice, através da manipulação do Congresso e do aparelhamento total da Justiça, projetos em andamento, sim, mas que podem não surtir o efeito imaginado.
     No caso da Justiça, em especial do STF, a atuação dos ministros Joaquim Barbosa e Luiz Fux no julgamento do Mensalão do Governo Lula, por exemplo, evidenciou a independência de magistrados colocados no STF pelo PT. É o que o País espera do último indicado e do candidato atual, ainda à espera da sabatina do Senado.

     De qualquer modo, o volume de vigarices é tão assustador que dificilmente passará incólume, ao fim, embora contribua para postergar o encerramento dessa era lastimável da nossa vida pública. 

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