Na já longínqua década de 1970, nós, jovens integrantes de
uma nova geração de jornalistas, lutamos para reconquistar nosso sindicato,
dirigido por um grupo que não representava os ideais de uma classe que
enfrentava as limitações ... e perigos, sim, impostos por um regime autoritário.
Eram tempos de sindicalistas profissionais, ligados ao poder de então, como eram
todos, frutos de um modelo que estimulava e premiava o peleguismo – tenho que
admitir.
Lembro perfeitamente do processo de mobilização que desaguou
na eleição de Carlos Alberto de Oliveira, o CAO, um excelente jornalista especializado
em economia, a quem apreendera a respeitar na redação do velho O Jornal e que,
mais tarde, elegeu-se deputado pelo PDT.
Apesar de todas as restrições que fazíamos, o grupo que
acabamos por destituir jamais ultrapassou determinados limites da dignidade. De
uma maneira obtusa, é verdade, defendia os interesses da classe. Pessoalmente,
nunca tive qualquer problema de relacionamento com a diretoria de então, que aceitou,
democraticamente, a mudança.
Ao longo das décadas seguintes, tivemos excelentes
profissionais à frente do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, entre
eles José Carlos Monteiro, uma figura doce, intelectual, com uma passagem
irretocável por redações.
Por nossa culpa, pela omissão e comodismo – sou forçado a
reconhecer -, deixamos de lado nosso sindicato, abrindo caminho para uma legião
medíocre, subjugada ideologicamente, formada por elementos estúpidos, capazes
de agressões físicas e morais. Por essa época – anos 2000 -, optei por me
desligar do sindicato que ajudei a reconstruir desde o fim dos anos 1960 (associei-me
em 1969).
Suas lutas já não eram as minhas, nem as da classe como um
todo. Passara a ser um mero braço dessa tentacular CUT. Não imaginava,
entretanto, que o ‘nosso’ sindicato poderia ficar ainda pior, mais deletério.
Os acontecimentos de ontem (estou escrevendo já na madrugada de sábado)
provaram que eu estava enganado.
Não satisfeitos em convidar um bando de arruaceiros para
discutir a cobertura dos ‘movimentos sociais’ (um eufemismo para bandalheira,
crimes, destruição de bens públicos e privados etc), dirigentes do sindicato
que deveria ser dos jornalistas voltaram-se contra os profissionais que lá
estavam, justamente para cobrir o acontecimento. Além de agredidos por esse
bando de desajustados, repórteres de vários meios de comunicação foram expulsos
do sindicato que deveria representá-los.
Se já não tivesse abandonado essa entidade corrompida pelo delírio ideológico (seus dirigentes têm ligações estreitas com o PSOL!!!), eu não teria
dúvida, hoje, em jogar na latrina a carteira que porventura fosse assinada por
essa gente.
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