Pensamentos soltos.
Sabe aquele vizinho marrento, que ostenta, troca de carro de
seis em seis meses e só veste a família com roupas de grife? Pois é. Gastou o
que tinha e, principalmente, o que não tinha. Na hora de pagar as contas,
estava pendurado até o pescoço e ameaçado de ter que devolver tudo o que
comprara sem ter recursos e, para piorar, vender a casa que recebera de
herança.
Desesperado saiu batendo de porta em porta, pedindo dinheiro
emprestado. Para convencer que tinha tomado jeito e que iria pagar tudo, dentro
de um tempo combinado, acenou com a assinatura de promissórias. Conseguiu o
dinheiro, quitou algumas dívidas, mas não se emendou: voltou à vida de
esbórnia.
Até que chegou o dia combinado para o pagamento. Os vizinhos
que fizeram o empréstimo e o salvaram da falência apresentaram as notas. Com a
desfaçatez que se imaginava superada, o sujeito disse que não tinha como honrar
o compromisso. No máximo, pagaria uma parte: era pegar ou largar. Alguns
pegaram, para evitar o prejuízo total. Outros, que não eram tão amigos (na
verdade, eram conhecidos dos amigos), botaram pé firme e exigiram tudo o que
havia sido combinado.
Foi uma gritaria. O vigarista começou a gritar para toda a
vizinhança que estava sendo explorado, na expectativa de conseguir apoio.
Afinal, sabia que morava perto de outros golpistas. O apoio chegou, como era
imaginado, mas não atemorizou os cobradores. O vigarista estava desmascarado.
Vai ter que rebolar para não ficar até sem a roupa do corpo.
Outra história de vizinhos.
Seu Macieira já não aguentava mais aquela situação. Estava
cansado de pedir ao vizinho que tomasse conta dos gatos, que pulavam o muro,
invadiam sua casa e causavam enormes problemas. O quintal amanhecia cheio de cocô
e seus canários belgas já não podiam mais ficar na varada, para evitar as investidas
dos felinos.
A situação, ao invés de melhorar, só piorava. Certo dia,
bastou uma ligeira distração e um dos gatos roubou a carne que ele havia
separado para o almoço. Novas ponderações, reclamações.
Até que a paciência de Seu Macieira se esgotou: um dos
gatos, o mais abusado de todos, conseguiu driblar sua atenção, atacou as
gaiolas e matou justamente o canário de canto mais melodioso.
Dessa vez ele não bateu na porta para ponderar. Foi na
quitanda da esquina, comprou dois pacotes de chumbinho e preparou uma lauta
refeição para os invasores. Não sobrou um para contar a história. O vizinho
esperneou, fotografou os gatos agonizantes e pediu o apoio de grupos
militantes.
Seu Macieira limitou-se a um “eu avisei que não iria
suportar mais as invasões, roubos e mortes”.
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